Ciro Gomes cava sua cova política
Marcelo
Auler, do Jornalistas pela Democracia, avalia que Ciro Gomes, ao atacar Paulo
Moreira Leite e Kiko Nogueira, "acabou atingindo também todos nós seus
colegas que como os dois lutam para sobreviver com seus Blogs e sites".
"Por falta de argumentos políticos, Ciro recorre a acusações gratuitas e
inverídicas. Ele simplesmente perde a razão e incorre em crime", critica
14 de
outubro de 2019, 13:38 h Atualizado em 14 de outubro de 2019, 14:10
(Foto: 247 |
Reuters | Reprodução)
Por Marcelo
Auler, do Jornalistas pela Democracia - Alardeando sempre sua condição de
professor de Direito, o eterno presidenciável Ciro Gomes, hoje no PT, atropelou
– e de forma politicamente incorreta – o Código Penal Brasileiro.
Sem esconder
sua mágoa com os petistas, mas deixando sem explicações o fato de o eleitorado
o ter abandonado no último pleito presidencial onde só conseguiu ganhar no seu
estado natal (Ceará), Ciro destila ódio para todos os lados. Acaba mostrando
que já não se pode confiar no que diz.
As
contundentes críticas ao PT e aos erros dos petistas, que todos reconhecem
existir, embora em com variações diversas, parecem não levar em conta o apoio
que o partido de Lula teve no pleito, apesar de toda à campanha contra que
sofreu. Inclusive por parte do próprio Ciro.
Afinal,
mesmo atacando-os, o new pedetista, como mostra o quadro abaixo, não conseguiu
superá-los em nenhuma das regiões do país. Pior ainda, no seu Nordeste, onde
cresceu e galgou sua trajetória política até com excelentes resultados, ele foi
obrigado a verificar a supremacia petista. Amargou um terceiro lugar, atrás até
mesmo de Jair Bolsonaro. Muito provavelmente por conta das campanhas de Fake
News que ninguém mais tem dúvida de que manipularam o resultado eleitoral em
2018.
Ciro critica
o PT, mas não explica os motivos que o levaram a ser jeitado em todo o país. Só
conseguiu votos no seu Ceará ,
Ciro não se
conforma de o PT não ter aberto mão da disputa, dispensando seu eleitorado
cativo bem superior ao dele. Mas não revela que, chamado a somar forças, ainda
no primeiro turno, abriu mão de formar uma chapa com Lula, o que poderia ter
lhe levado à cabeça de chapa quando da confirmação do impedimento ilegal do
líder petista, no golpe judicial perpetrado.
No lugar de
aliar-se e esperar a oportunidade de ser cabeça da chapa, apostou que poderia
ganhar sozinho, buscando apoio ao centro na vã tentativa de se beneficiar do
antipetismo. Errou feio.
Voltou a
errar quando, após o primeiro turno, omitiu-se por completo, fugindo para as
férias em Paris e deixando de se manifestar sobre o segundo turno da eleição.
Talvez
soubesse que seu apoio poderia significar pouco. Ainda assim, deveria ter ao
menos dissimulado e se posicionado como o democrata que diz ser, consciente da
necessidade de evitar o pior para o Brasil.
Tem,
portanto, sua parcela de culpa na vitória do bolsonarismo e, consequentemente,
na tormenta que se abate hoje sobre todos os brasileiros.
Na eleição
presidencial, Ciro amargou terceiro lugar em todas as regiões. Ainda assim
queria que o PT abrisse mão de participar.
Se a soberba
lhe levou ao erro de avaliação política, hoje o ódio e a mágoa que lhe dominam
lhe fazem, apesar do título de professor em Direito, atropelar feio o Código
Penal.
Até por
conta do que ainda nos resta de democracia, aquela que está a cada dia mais
ameaçada por esse governo de treva que a omissão de Ciro ajudou a eleger, a ele
é dado o direito constitucional de criticar quem quer que seja.
Portanto,
nenhum problema quando não gosta e reclama do que jornalistas escrevem a seu
respeito.
O que ele
deveria saber e respeitar na condição não apenas de professor de Direito, mas
também de político experiente é que críticas políticas se rebate politicamente.
Com argumentos, ideias. Não com aleivosias. Calúnias. Inverdades.
No momento
em que, provavelmente por falta de argumentos políticos, Ciro recorre a
acusações gratuitas e inverídicas, ele simplesmente perde a razão e incorre em
crime.
Foi o que
fez com os jornalistas Paulo Moreira Leite, do Brasil247, e Kiko Nogueira, do
Diário do Centro do Mundo.
Na
entrevista dada ao UOL/Folha de S.Paulo, Ciro, a pretexto de criticas
jornalistas, cometeu crime acusando-os sem provas.
Pior, ao
atingi-los, acabou atingindo também todos nós seus colegas que como os dois
lutam para sobreviver com seus Blogs e sites. Os mesmos que Ciro consideram
serem “tudo picareta”, fazendo a prática corrupta”.
Agora, após
acusações infundadas, certamente terá dificuldades de prova-las judicialmente
em qualquer ação que lhe venha a ser proposta, na defesa da honra a dos
atingidos.
Como acusou
levianamente, demonstrando total falta de conhecimento da vida profissional de
quem por ele foi acusado de “picareta” e “corrupto”, o eterno presidenciável
não terá como provar judicialmente as acusações indevidas.
Mas a
possível condenação a futuras indenizações talvez não lhe seja a pior
consequência da desastrada entrevista ao UOL/Folha de S.Paulo. Até porque, com
a Justiça brasileira do jeito em que se encontra, ela deverá demorar. Quando
acontecer, muitos já terão esquecido do fato em si. Ciro poderá nem ter o peso
político que ainda tem, uma vez que nada faz para cultivá-lo.
Mais grave é
que ao fazer falsas acusações, Ciro coloca em risco sua própria credibilidade.
Afinal, se é capaz de acusar sem conhecer a história das pessoas, quem
garantirá que todo o resto que falou é calçado na realidade? Em fatos concretos?
Em análises embasadas?
Não bastasse
colocar em risco sua credibilidade, Ciro, com a sua metralhadora giratória sem
mira e sem controle, acaba ainda afastando-se mais dos poucos grupos
progressistas – e nem se fale aqui apenas na esquerda – que ainda mantinham
algum respeito pela vida política que já apresentou.
A cada dia
ele consegue destruir mais pontes que o ligavam a estes grupos. A entrevista
foi apenas uma nova demonstração do seu despreparo para lidar com as críticas
de possíveis aliados. Ou seja, lamentavelmente, demonstra seu despreparo para
conviver com a prática democrática. Uma prática que até hoje, no voto, o vem
rejeitando há muito tempo para o cargo que almeja
Ao que tudo
indica, ele cava sua própria cova. Afinal, queira ou não, como demonstra
Aroeira em sua charge, no fundo Ciro Gomes faz o mesmo jogo os bolsominos. Mas,
deles, certamente não terá apoio.
Por Marcelo Auler,
Fonte.
Brasil 247
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