Entre os participantes do Sínodo da Amazônia, assembleia especial que discutirá temas políticos relacionados ao meio ambiente e assuntos internos da Igreja Católica em Roma, estão três religiosos indígenas amazonenses, da região do Alto Rio Negro: o padre e cacique do povo Tuyuka, Justino Sarmento Rezende, a freira Mariluce dos Santos Mesquita, do povo Bará, ambos Salesianos, e a irmã Francinete Galvão Noronha, do povo Tuyuka, Catequista Franciscana.
O Vaticano divulgou, neste sábado, dia 21, a lista completa de participantes.
Além dos três religiosos indígenas amazonenses, o Vaticano também convidou representantes evangélicos, chamados de “delegados fraternos”. Entre eles esta Daniel dos Santos Lima, membro da Comunidade Anglicana de Manaus (AM).
O padre Justino é especialista em inculturação de espiritualidades indígenas e originário do povo Tuyuka, de Pari Cahoeira, em São Gabriel da Cachoeira (AM). Ele é destaque em sua comunidade por ser, além de religioso, uma liderança tradicional: é cacique do povo Tuyuka.
A convocação das duas freiras indígenas do Amazonas reforça a pauta do Sínodo, de dar mais protagonismo às mulheres na Igreja.
O encontro terá uma presença significativa delas, mesmo que sem direito a voto. Além das religiosas, a delegação, que vai a Roma, terá: a professora da Universidade Federal de Roraima Marcia Maria de Oliveira, a coordenadora do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), Judite da Rocha, e a agrônoma Ima Célia Guimarães Vieira, representante da comunidade científica no CONAMA (Conselho Nacional do Meio Ambiente).
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O Brasil tem a maior delegação entre os participantes, 58 bispos da região amazônica, além de outros nomes na cúpula do encontro presidido pelo papa Francisco e que provocou reações negativas no governo Jair Bolsonaro.
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O pontífice convidou cientistas, nomes ligados à Organização das Nações Unidas (ONU), representantes de igrejas evangélicas de ONG e povos indígenas. A previsão é de mais de 250 participantes.
Os principais nomes brasileiros são o relator-geral do sínodo, cardeal d. Cláudio Hummes, e um dos três presidentes-delegados, o cardeal d. João Braz de Aviz.
Dos oito demais países da região, as maiores delegações de bispos vêm da Colômbia (15), da Bolívia (12), do Peru (11), do Equador (7), da Venezuela (7), da Guiana (1), da Guiana Francesa (1) e do Suriname (1).
Ao todo, são 185 “padres sinodais”, clérigos com direito a voto nos temas a serem debatidos na assembleia.
O papa vetou entre os convidados especiais (não-religiosos) militares ou políticos que exercem mandato, apesar de o governo Bolsonaro ter manifestado interesse em enviar representantes.
A lista de 12 personalidades de expressão mundial inclui o climatologista brasileiro Carlos Nobre.
Evangélicos
O papa convidou representantes de igrejas evangélicas – cuja presença expansiva na Amazônia é uma das preocupações do sínodo católico.
Seis deles estão entre os chamados “delegados fraternos”, sendo quatro brasileiros: o historiador Moab César Carvalho Costa, evangelista da Igreja Assembleia de Deus em Imperatriz (MA); o reverendo Nicolau Nascimento de Paiva, da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil; e dois nomes da Igreja Episcopal Anglicana do Brasil – Daniel Dos Santos Lima, membro da Comunidade Anglicana de Manaus (AM), e o reverendo Cláudio Correa de Miranda, vice-coordenador do Conselho Amazônico de Igrejas Cristãs.
Entre auditores e colaboradores do sínodo, o Vaticano convocou dezenas de outros nomes atuantes no Brasil, a maior parte ligada à Igreja.
Há também também nomes de fora da hierarquia católica, como o procurador da República Felício de Araújo Pontes Júnior, especialista em direito das populações indígenas e o linguista Tapi Yawalapiti, cacique que representará 16 tribos do território do Alto Xingu, no Mato Grosso.
O sínodo será encerrado em 27 de outubro, com uma missa do papa Francisco na Basílica de São Pedro. O evento também marcará a canonização de Irmã Dulce. Os resultados do sínodo, que serve como encontro de consulta do papa à Igreja, só serão conhecidos após a exortação apostólica que será proferida pelo pontífice.
Fonte: Estadão Conteúdo
Foto: reprodução do Facebook
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