Documento de delator descreve que Casa Branca tentou acobertar escândalo envolvendo Trump e Ucrânia
Reuters
Staff
Por Patricia
Zengerle, David Morgan e Doina Chiacu
Seção de
documento divulgado pela Casa Branca sobre caso de Trump com Ucrânia 25/09/2019
REUTERS/Jim Bourg
WASHINGTON,
26 Set (Reuters) - Um relatório de um delator divulgado nesta quinta-feira
afirmou que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, não só abusou do
cargo para tentar solicitar interferência da Ucrânia na eleição presidencial de
2020 para benefício político próprio, mas que a Casa Branca também tentou
“encobrir” evidências sobre a conduta de Trump.
O Comitê de
Inteligência da Câmara dos Deputados, liderado pelo Partido Democrata, divulgou
uma versão não confidencial do relatório, que havia gerado uma furiosa
controvérsia e feito com que a presidente da Câmara, Nancy Pelosi, iniciasse na
terça-feira uma investigação formal de impeachment contra Trump.
O relatório
afirmou que Trump agiu de acordo com seus próprios interesses políticos,
arriscando a segurança nacional, e que autoridades da Casa Branca intervieram
para transferir evidências para um sistema eletrônico separado.
“Isto é um
acobertamento”, disse Pelosi. “O presidente esteve envolvido em um acobertamento
o tempo todo.”
Trump nega
qualquer ato irregular.
De acordo
com uma transcrição de uma ligação telefônica de 25 de julho, central à queixa
do delator, Trump pressionou o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelenskiy, a
investigar o pré-candidato democrata líder nas pesquisas para 2020, o
ex-vice-presidente Joe Biden.
A ação de
Trump foi coordenada com o secretário de Justiça dos EUA, William Barr, e com
seu advogado pessoal, Rudy Giuliani. Uma transcrição da ligação foi divulgada
pelo governo Trump na quarta-feira.
O relatório
do delator, citando diversas autoridades norte-americanas, afirmou que
autoridades sêniores da Casa Branca intervieram para “encobrir” registros da
ligação, especialmente a transcrição oficial palavra por palavra.
“Em vez
disso, a transcrição foi carregada em um sistema eletrônico separado, que é
usado para armazenar e gerenciar informações confidenciais de uma natureza
especialmente sensível”, segundo o relatório.
“Uma
autoridade da Casa Branca descreveu este ato como um abuso deste sistema
eletrônico porque a ligação não possuía nada remotamente sensível dentro de uma
perspectiva de segurança nacional.”
Democratas
acusam Trump de pedir a um outro país para manchar a reputação de um rival
político interno. A controvérsia envolvendo a Ucrânia corre depois de
conclusões da inteligência norte-americana de que a Rússia interferiu na
eleição norte-americana de 2016 com uma campanha de hackeamentos e propagandas
para impulsionar a candidatura de Trump.
Durante
audiência de três horas do Comitê de Inteligência, a autoridade mais alta da
inteligência dos EUA, o diretor em exercício da Inteligência Nacional, Joseph
Maguire, afirmou que o delator havia agido de boa fé e seguido a lei ao
apresentar a queixa, que tinha data de 12 de agosto.
A ligação a
Zelenskiy ocorreu após Trump ordenar o congelamento de quase 400 milhões de
dólares em ajuda norte-americana à Ucrânia, que o governo só liberou
posteriormente. Antes da ligação, o governo da Ucrânia havia recebido informação
de que a interação entre Zelenskiy e Trump dependia do fato de o líder
ucraniano “entrar no jogo”, segundo o delator.
A identidade
do delator, uma pessoa dentro da comunidade da inteligência dos EUA, não foi
divulgada publicamente. No relatório, o delator afirmou que “não era uma
testemunha direta da maior parte dos eventos descritos” e se baseou em
informações de colegas.
Via. https://br.reuters.com
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