domingo, 30 de junho de 2019

Milton Nascimento responde a Roger Waters horas antes de tocar em Israel


**ARQUIVO** Rio de Janeiro, RJ, 17.05.2019 - O cantor Milton Nascimento, durante apresentação de seu show, realizado no, Vivo Rio, no Aterro do Flamengo. (Foto: Onofre Veras/Photo Premium/Folhapress)
TEL AVIV, ISRAEL (FOLHAPRESS) - "Pouquíssimas vezes declinei de um convite. Afinal de contas, todo artista deve ir onde o povo está, não é mesmo?", escreveu o cantor e compositor Milton Nascimento, que desembarcou em Israel na sexta-feira (28) para realizar um show único neste domingo (30). No post que ele publicou em redes sociais neste sábado (29) depois de visitar Jerusalém, Milton respondeu a críticas de quem promove um boicote total a Israel:
"Fui convidado a cantar aqui por uma empresa gerenciada inteiramente por um brasileiro. Somente com essa informação cai por terra qualquer tipo de argumento de que eu esteja contribuindo com o 'apartheid israelense'. Este show NÃO (sic) tem qualquer incentivo do governo de Israel, muito menos do exército israelense", continuou o cantor carioca, criado em Minas Gerais. "Durante a ditadura militar brasileira eu jamais deixei de tocar no meu país. Então, por que eu deixaria de tocar agora? Por que deixaria de compartilhar experiências de amor e mudança enquanto acontece no Brasil um governo de extrema-direita? Mesmo divergindo das ideias de um governo, jamais abandonarei meu público".
O post foi uma resposta direta à uma carta que Milton recebeu do cantor e compositor Roger Waters (ex-Pink Floyd), um dos maiores apoiadores do movimento BDS (Boicote, Desinvestimento e Sanções contra Israel), que há pouco mais de 15 anos pressiona artistas internacionais a não se apresentarem em Israel alegando que o país comete crimes contra os palestinos: "Quando li que ele estava planejando cruzar a linha de piquete do movimento de BDS para se apresentar em Tel Aviv, fiquei chocado. Eu escrevi para Milton pedindo uma oportunidade de falar com ele. Nem ele nem ninguém de sua equipe me respondeu", escreveu Waters.
Entre os comentários ao post de Milton - entre eles, muitos criticando ainda mais o músico - está o da colega Fafá de Belém, em solidariedade a "Bituca" e diretamente contra Waters: "Ontem li um cara que eu admirava como músico mas nunca vi em nenhuma trincheira real. Que COM CERTEZA nunca teve seus shows cancelados e dificuldades na carreira por ter tomado posições corajosas, este BABACA veio falando do que não sabe e julgando o que não tem direito! PHODA-se @rogerPinkFloyd e VIVA MILTON NASCIMENTO".
O BDS fez uma campanha online contra o show, assim como faz com a maioria dos grandes nomes da música (e de outras áreas). Mas a pressão não conseguiu evitar a apresentação de Milton, parte da turnê "Clube da Esquina". Da lotação de 2400 pessoas do Auditório Charles Bronfman, em Tel Aviv, metade dos ingressos já foram vendidos, número médio para os outros shows recentes de Milton na Europa (Londres, Zurique, Amsterdã, Madri, Lisboa e Porto). Depois de Tel Aviv, Milton volta à Europa para dois show (em Berlim, dia 5, e Paris, 6) antes de voltar ao Brasil para continuar o giro.
Em 12 de junho, o BDS divulgou um pedido público em sua página na internet com o título "Milton: a voz que vem do coração diz não ao apartheid". A ONG cita que o cantor Caetano Veloso, após se apresentar em Tel Aviv em 2015, anunciou que nunca mais tocaria em Israel em artigo publicado na Folha de S.Paulo.
O BDS também afirma que, em 2018, Gilberto Gil cancelou sua apresentação em Tel Aviv "após os massacres de palestinos em Gaza perpetrados por Israel". Mas Gil explicou à ONG pró-Israel StandWithUs Brasil que o cancelamento nada tinha que ver com o BDS e que ele se apresentou em Israel mais de 10 vezes. No caso de Milton Nascimento, 76, o músico brasileiro nem cogitou o boicote, segundo os produtores.
"Teve manifestaçõezinhas no final de vários shows. Sempre com meia-dúzia de pessoas, com bandeirinhas", contou o produtor musical brasileiro Manitu Szerman, da Yellow Noises, responsáveis pelos shows na Europa. "Ele (o Milton) na verdade não viu as manifestações, mas tem acompanhado um pouquinho esse processo. Teve uma conversa e a gente chegou a essa conclusão, de que não tem nada a ver (cancelar). Pessoalmente, sou contra boicotes. A música deveria estar além dessas coisas todas e acima das limitações políticas", disse Manitu, já levou à Europa nomes como João Donato, Martinho da Villa e Nando Reis.
O produtor do show em Israel, o brasileiro Daniel Ring, da produtora Octopulse, diz que já havia preparado os empresários de Milton para o que aconteceria: "Já tivemos vários casos assim. Antes até de fechar e começar a divulgar, enviei uma carta para eles explicando exatamente o que ia acontecer. Falei que havia 100% de chance de haver protestos de um grupo, do BDS. Eles já tavam estavam preparados para isso".
Fonte.Yahoo.com.br

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Nova Iguaçu realiza Dia D Vacinação contra a gripe

A Secretaria Municipal de Saúde de Nova Iguaçu (Semus) vai fazer, neste sábado (13), uma grande mobilização para participar do Dia D de Vaci...