Uma mulher transsexual foi presenteada com um "dia da beleza" em um salão após ser vista pelos funcionários revirando uma lixeira em frente ao estabelecimento em busca de alimento. O caso ocorreu em Natal, no Rio Grande do Norte e foi compartilhado na página oficial do salão em uma rede social na quarta-feira.
Segundo Tatiana Van Campo, dona do estabelecimento, assim que viu a situação da mulher, identificada como Ana Paula, pediu que ela entrasse na cozinha do salão para comer algo. Ela diz ainda que Ana Paula contou a todos um pouco sobre sua história de vida — foi expulsa de casa aos 15 anos e agredida nas ruas — o que sensibilizou ainda mais toda a equipe.
— Eu tinha acabado de ministrar um curso quando vi aquela cena da Ana comendo llixo. Eu não pensei duas vezes antes de pegar na mão dela chamá-la para entrar. Nem queria saber se o salão estava cheio ou não. Naquele dia até demos para ela um pouco de dinheiro para ela se alimentar por um tempo. Desde então, a gente foi criando um laço e ela sempre passa por aqui.
Segundo Tatiana, Ana já havia oferecido até uma faxina em troca de um tratamento nas sobrancelhas, o que mostrava como ela sonhava com a possibilidade de cuidar da aparência.
— Ela sonhava com isso... fazer a sobrancelha, o cabelo, todas essas coisas. Decidimos que seria como um dia de princesa para ela, e assim foi, ela foi tratada como nossa cliente.
Uma das funcionáris que participou do processo de transformação de Ana também é trans. Esse é o primeiro ano em que Jhéssyka Mendes pode ser oficialmente chamada por esse nome, após conquistar uma nova documentação.
— Eu não tinha como não me colocar no lugar dela. Também sofri muito preconceito e demorei para conseguir minha nova documentação. A sociedade na maioria daz vezes fecha os olhos para nós. Foi um gesto simples que fez toda a diferença. Ver o sorriso da Ana no final foi nosso maior presente — contou a cabelereira.
Tatiana cometou que compartilhou o ato de solidariedade para estimular que outros colegas de profissão também ajudem pessoas que não tem condições nem de cortar o cabelo ou fazer a barba, por exemplo.
— Não compartilhei nada para aparecer. Fiquei até em dúvida se deveria compartilhar ou não, mas espero que colegas da profissão façam o mesmo. É gratificante demais. Depois dessa, não temos mais outra opção além de continuar ajudando o próximo sempre que possível— ressaltou.
Fonte jornal Extra.
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