sexta-feira, 28 de dezembro de 2018

TUGE MAS NÃO MUGE


MAS NÃO MUGE



TUGE MAS NÃO MUGE 


Reporto-me por ora ‘esta singela falácia
escutada da boca duma tal dona Engrácia,
à entrada (ou saída) de uma velha farmácia,
trazendo pela trela um lobo da Alsácia;
_ dizia emproada a dita cuja senhora
(há muito emigrada de Telhados de Coura)
que no passado, tempo da «outra senhora»,
só era fadista quem fosse de facto cantora,
rematando (visível já a falta de dentes)
no tempo actual haver políticos repetentes
agraciando reciprocamente presentes
lixando ‘povo que já nem range os dentes.

(Ela)

Veja lá querida e amiga Gisberta Venância
nem disfarçam adquirida gula e ganância
do tempo dos bidons villes “da infância
quando fugiam ‘salto pelas rutes de Frância

(A outra)

Claro que tudo o que se passa era escusado
pusessem-lhes nas mãos um firme cajado
preso às costas e à cintura pesado arado
e se refilando um pequeno tabefe bem dado

(Ela)

Estou em crer nem preciso seria assim tanto,
ríspido raspanete e soltava-se-lhes o pranto
que eles gostam é de andar no gamanço
“tabuletes “ nas mãos já que o Zé é manso


(A outra)

Olhe prima Engrácia está cheia de razão!
_ já não há porém quem defenda esta nação,
onde se viola descaradamente ‘Constituição
e a soberania letra morta duma canção

(Ela)

Sábias palavras distinta prima Gisberta
adivinhando-se vir por aí a morte certa
nesta democracia feita para gente esperta
q’aos desventurados já nem o cinto aperta;
_ e se acaso houver novamente eleições
garanto-lhe que verá montanhas de coirões
exibindo fatos caros com doirados botões
entre um povo acotovelado aos tropeções,
e sufragado, qualquer que seja o governo,
teremos à frente da pátria um estafermo
prometendo salvar este decadente ermo
fazendo dele um apelativo país a termo…

(A outra)

Bem dito…mas por obrigação vou indo
e mais vale levarmos a vidinha rindo…

 (Ela)

- Beijos pró esposo, igual para Carolindo
o seu garotinho deve estar lindo!!!

Sabendo que ‘populaça tuge mas não muge 
por ciência, que afinal é ‘leão que ruge,
despedindo-me abalo que o tempo já urge,
e bruscamente ‘imponderável às vezes surge.



Fonte; Cito Loio
19/11/2015

Um comentário:

  1. Adolfo Inácio CastelBranco de Oliveira, CITO LOIO. português escritor e poeta nascido em 1953 em Angola na cidade de Luanda. com programa radiofonico " CAMBALHOTAS POETICAS" E "CONTOS DE INÁCIO" na Radio Jornal Rio Bravo CanalJovCompositor parceria cultural Brasil & Portugal, no horário 23h Portugal- 20h Brasil, apresenta aqui um poema em forma de ensaio para teatro, com seu estilo irreverente, de uma ironia refinada, poemas de escárnio e mal dizer, Adolfo Inacio CastelBranco de Oliveira e sua ironia a nos remeter ao pensamento "A ironia é o pudor da humanidade"
    Jules Renard

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