Garotinho pode ser indiciado por falsa comunicação de crime, diz delegado

O
ex- Governador Anthony Garotinho - Marcelo Theobald / Agência O Globo
RIO
— O ex-governador Anthony Garotinho poderá ser indiciado por falsa
comunicação de crime, caso seja comprovado que ele não foi agredido em sua cela
na Cadeia Pública José Frederico Marques, em Benfica, na Zona Norte do Rio. O
crime prevê de um a seis meses de detenção ou multa. O episódio está sendo
investigado pela 21ª DP (Bonsucesso).
De
acordo com o delegado titular da unidade, Wellington Vieira, Garotinho chegou a
ser advertido sobre o risco de ser indiciado se sua versão não fosse
verdadeira. Ainda assim, ele manteve o seu relato sobre a agressão.
—
Se ele não estiver falando a verdade, poder ser indiciado. Mas o caso ainda
está sendo apurado. Vamos verificar a versão apresentada — esclareceu o
delegado.
A
Secretaria de Administração Penitenciária (Seap) informou à Vara de Execuções
Penais (VEP) do Rio que Garotinho se autolesionou dentro de sua cela. O
presidente do Sindicato dos Servidores do Sistema Penal Do Rio, Gutembergue de
Oliveira, afirmou que as
imagens das câmeras de segurança desmentem a versão do ex-governador Anthony
Garotinho de que alguém entrou na cela para agredi-lo. Oliveira disse que o que
Garotinho alegou é delírio ou mentira.
-
As câmeras dizem mais do que os servidores. Não existe a versão do Garotinho
nas câmeras. O Garotinho teve um delírio. Ele está numa galeria sozinho, na
cela sozinho. É impossível que alguém tenha entrado na galeria e feito o que
ele falou. Ele está indo pro IML, que vai constatar que essas foram autolesões
para justificar a intenção dele - afirmou Oliveira, que foi à 21ª Delegacia de
Polícia (Bonsucesso) acompanhar o depoimento do agente penitenciário que estava
de plantão na galeria onde estava o ex-governador.
De
acordo com o presidente do sindicato, o agente penitenciário foi alertado da
suposta agressão pela gritaria na galeria.
—
Garotinho quis criar um fato para dar nisso aqui: mídia. Te afirmo que ele faz
como qualquer preso comum quando quer uma transferência: ele imputa um falso a
um funcionário para conseguir seu intento — afirmou o presidente do sindicato.
Garotinho
estava em uma galeria com seis celas, sozinho em uma delas. O ex-governador
Sérgio Cabral e outros presos da Lava-Jato estão em outra galeria.
—
A gente vê claramente que ele (Garotinho) está dopado e pode ter tido um
delírio, sim.
Garotinho
esteve na 21ª DP (Bonsucesso) para prestar depoimento sobre o caso. À polícia,
ele contou que quando chegou à prisão foi encaminhado à cela A1, com outros
detentos, no segundo andar, onde ficam os presos com nível superior. Mas que no
dia seguinte, na quinta-feira, um funcionário da cadeia disse que, por ordem
judicial que não foi apresentada, ele seria transferido para outra cela.
Segundo o ex-governador, ele foi levado para uma cela vazia em um corredor com
acomodações para detentos todas vazias.
Nesse
local, ele contou que foi acordado de madrugada por um homem, "de
aproximandamente 1,70, branco, cabelos alourados, sem baraba, trajando calça
jeans, sapato, e camisa pólo azul portando um bastão, parecido com um taco de
beisebol". E que o homem teria dito: "desce daí.Você gosta muito de
falar, não é?", seguido de um golpe no joelho que teria feito ele se
curvar de dor.

Garotinho
deixa a delegacia, onde prestou depoimento sobre suposta agressão, e é
encaminhando para o IML - Domingos Peixoto / Domingos Peixoto
Em
seguida, ainda de acordo com o depoimento de Garotinho, o homem puxou uma
pistola de cor prateada e disse: "Eu só não vou te matar para não sujar o
pessoal daqui do lado", apontando em direção à galeria onde estão os
presos da Lava-Jato.
Antes
de sair, segundo o ex-governador, o homem disse ainda: "vou te dar ua
lembrança" e pisou no pé ele. E antes de trancar a cela, teria ordenado
para que o ex-governador parasse de falar.
Garotinho
também contou que pediu para ser atendido pelo ex-secretário de Saúde do Rio
Sergio Côrtes, que chegou logo em seguida e imobilizou o joelho do
ex-governador e receitou um anti-inflamatório, segundo o depoimento. Côrtes é
aliado do ex-governador Sérgio Cabral. Ele está preso sob a acusação de receber
propina e trabalha na enfermaria da prisão de Benfica.
Ao
ser perguntado a que atribui a agressão, o ex-governador disse que "sem
querer ser leviano, pelas palavras ditas pelo agressor, há uma retaliação à
alguma coisa que tenha dito". Ele contou à polícia que há pouco tempo
conversou com o promotor Claúdio Calo e que teria feito várias denúncias sobre
órgãos estaduais, incluindo a Secretaria de Administração Penitenciária (Seap).
E lembrou ao delegado que quando era secretário de Segurança "teve sério
desentendimento com atual secretário de admnistração Penitenciária, quando este
era comandante do 4º BPM, fato que oacassionou a demissão do comandante".
Fonte Jornal O Globo
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