sábado, 7 de outubro de 2017

Artistas aderem a protesto no Odeon: 'Censura nunca mais'


Festival do Rio: artistas aderem a protesto no Odeon: 'Censura nunca mais'


Mariana Ximenes
Os protestos contra o que está sendo encarado por muita gente como uma volta gradual aos tempos de censura no país começou já do lado de fora do Odeon, anteontem, na abertura do Festival do Rio.
Acostumado a receber fãs com disposição de ficar horas em pé para ver e fotografar seus ídolos no tapete vermelho, o cinema desta vez tinha em sua porta um grupo mais politizado, que foi ali para dar o seu recado pacificamente e apoiar a classe artística, que vem se colocando contra as recentes limitações à arte em todo o país, como a censura da prefeitura à exposição “Queermuseu”, no MAR.
Débora Bloch e Julia Anquier
O já tradicional “Fora Temer” foi acompanhado por gritos de “Fora Crivella!” e “Fora Sérgio Sá Leitão!”, em protestos também contra o prefeito e o ministro da Cultura. “Ele só pode estar querendo roubar o nosso lugar e acabar com o nosso emprego de humorista. Deixa a piada com a gente, por favor”, disse a atriz Maria Paula, citando a proposta de Sérgio, já entregue ao presidente Temer, de incluir a classificação indicativa em exposições e mostras de artes visuais.
Um cartaz com os dizeres “Censura nunca mais” circulou de mão em mão entre os artistas que chegavam para a o filme que abriu o festival, “A forma da água”, do mexicano Guillermo del Toro. Enquanto Débora Bloch posava para as câmeras exibindo o papel com a mensagem (“A gente tem que se colocar”, disse ela), Leona Cavalli e Mariana Ximenes, mestre de cerimônias da noite, se postaram atrás da atriz, esperando sua vez de segurar o cartaz frente às câmeras.
Antonio Pitanga e Maria Paula
Mariana, inclusive, fez questão de mostrá-lo para a plateia, dentro do cinema, antes de começar a sua fala. E foi aplaudida. “Esse festival, sem apoio público algum, é uma ação de resistência”, disse.
A falta de apoio ao evento foi percebida na festinha pós-sessão de abertura, que em nada lembrava as produções caprichadíssimas de outros anos e acabou se resumindo a um coquetel no Assirius, à base de cerveja, água e alguns drinks.
Lá, o papo sobre a fase ruim da cultura brasileira continuou. Paula Braun, atriz que foge do estereótipo da mulher boazuda e apareceu nua, de costas, em “O cheiro do ralo” (sua bunda era quase uma obsessão para o personagem de Selton Mello), também comentou a questão. “Hoje, acho que o longa teria uma repercussão diferente (o nu dela, à época, foi tratado como um charmosos detalhe do longa). As pessoas confundem muito o nu com o erótico, com o pervertido”, disse. “Não sei o que acontece com essa onda de conservadorismo. Se as pessoas sempre foram hipócritas e estão mostrando isso só agora....”
Giselle Batista, atriz que ficou nua no curta “Terra incógnita”, foi direto a um ponto: “Infelizmente, os conservadores descobriram a internet”. Para Leona Cavalli, a onda conservadora é, antes de tudo, incoerente.
“Queria que eles (os conservadores) se preocupassem com a prostituição infantil e a pedofilia, coisas que realmente são violentas, mas parece que isso não os incomoda”, destacou a atriz
Fonte.ADALBERTO NETO

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