Epidemia de sífilis: Como não virar estatística

Imagens de perebas purulentas em vulvas e pênis, dessas que a gente vê na aula de ciências ou numa rápida busca na internet, não impedem que centenas de milhares continuem praticando sexo sem camisinha. Talvez porque se imagine que é “coisa rara”, só “gente promíscua” pega e “uma pomadinha cura”. Como acredito que informação é mais transmissível que muita doença – e não se pode obrigar ninguém a se proteger -, eis o que você deveria saber sobre a epidemia de sífilis anunciada recentemente pelo Ministério da Saúde. Exagero? Não, não é. Entre 2010 e 2016, foram registrados quase 230 mil casos novos dessa DST. A maioria (62,1%) na região Sudeste do país, segundo o último boletim do governo. A quantidade de mulheres e gestantes afetadas vem aumentando expressivamente. Pra se ter ideia, em meia década, a incidência de sífilis congênita (transmitida da mãe para o bebê) triplicou. E daí? Sífilis não é uma simples feridinha, mas uma infecção bacteriana crônica que se manifesta em vários estágios. Se não for tratada corretamente, pode ferrar com o seu sistema cardiovascular e neurológico – inclusive levar à morte. Grávidas infectadas correm o risco de ter um bebê prematuro, perdê-lo num aborto ou parirem um natimorto. Como descubro se tenho? A sífilis engana porque têm fases que nem sempre são visíveis. Nos homens, é mais fácil identificar sintomas primários como o chamado cancro duro – um troço duro e inflamado no pênis. Já nas mulheres, por causa da anatomia “escondida”, a lesão costuma passar despercebida. Em geral, essas feridas somem sozinhas em quatro semanas, fazendo com que algumas pessoas desencanem e não busquem tratamento. Má notícia: ao evoluir pro segundo estágio, a bactéria fica incubada em você e começa a se espalhar silenciosamente pelo seu organismo. De repente aparecem umas erupções rosadas nos genitais e ânus que lembram sarampo, mas não coçam. Depois podem rolar manchas nas mãos, nos pés, na boca, além de inchaço dos nódulos linfáticos e queda de cabelo. Assustador? Então, tem ainda a “sífilis latente”, tão disfarçada que só um exame de sangue pra detectar. Você pode passar anos e anos achando que tá beleza até pipocarem gomos horrorosos ou a doença alcançar seus ossos, seu coração e seu cérebro. Pra ter certeza do diagnóstico tem que consultar um ginecologista / urologista ou fazer teste gratuito nos Centros de Testagem e Aconselhamento (CTAs). Se você já transou ou transa com frequência sem camisinha, demorou pra checar… Mas só pega no sexo? A não ser que você tenha sido bebê de uma mulher com sífilis, sim, essa é a principal forma de transmissão da doença – contato sexual sem proteção / preservativo. Antigamente também se pegava por transfusão de sangue, mas hoje em dia é muito raro. Mulheres que pretendem engravidar ou estão grávidas precisam ser diagnosticadas por exames o quanto antes pra começarem o tratamento. Como trata? Com penicilina G, em geral. O médico avalia as manifestações e o grau da doença, define o antibiótico e a dosagem. Pode indicar que você tome por soro ou injeção. Isso se não tiver infectado também pelo HIV, o vírus da Aids, que costuma se aproveitar da sífilis. O problema é que a epidemia de sífilis aumentou a demanda por penicilina e ela anda em falta não apenas no Brasil… Se você chegou leu este texto e optou por continuar no modo roleta-russa, numas de que ~só faz sexo com gente limpinha~, te desejo sorte. Eu não contaria com ela. Se você quer algumas ideias sobre como negociar a camisinha com o (a) seu parceiro (a), aqui tem mais informações. *Nathalia Ziemkiewicz, autora desta coluna, é jornalista pós-graduada em educação sexual e idealizadora do blog Pimentaria. Fonte. Yahoo

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

CANCRO MOLE