ONG denuncia desaparecimento de centenas de egípcios por forças de segurança

RIO — Um novo relatório da Anistia Internacional revela que centenas de egípcios foram alvo de desaparecimentos forçados e de tortura pelas forças de segurança do país. A ONG afirma que as vítimas são, em sua maioria, apoiadores de Mohamed Mursi, o presidente que foi deposto em julho de 2013 e eventualmente substituído por Abdel-Fatah al-Sisi. Segundo a Anistia Internacional, adolescentes de até 14 anos, estudantes, ativistas e manifestantes desapareceram sem deixar rastros após agentes de segurança terem realizado operações em suas casa. Muitos deles foram mantidos em cativeiro durante meses com algemas e faixas nos olhos. O governo egípcio admite que 34 mil pessoas estão atualmente atrás das grades no país. Desde o golpe militar que derrubou Mohamed Mursi em 2013, acredita-se que mil pessoas já tenham sido mortas e outras 40 mil tenham sido presas. No entanto, a organização teme que centenas de pessoas estejam sendo mantidas secretamente no prédio do Ministério do Interior — onde fica a agência de segurança nacional — no Cairo. O local não é distante da praça que foi palco dos protestos massivos que levaram à saída do presidente Hosni Mubarak em janeiro de 2011, no auge da Primavera Árabe. — Os desaparecimentos forçados se tornaram um instrumento-chave da política estatal no Egito — disse o diretor da Anistia Internacional no Oriente Médio e no Norte da África. — Qualquer um que ouse se expressar esté em risco, com estratégias de combate ao terrorismo sendo usadas como uma desculpa para abduzir, interrogar e torturar pessoas que desafiam as autoridades. Além disso, o relatório diz que os procuradores egípcios baseiam suas acusações em confissões extraídas sob coação, além de terem falhado em pedir exames médicos para investigar as alegações de tortura. Nas raras ocasiões em que detentos foram submetidos à avaliação médica, os seus advofados não tiveram autorização para ver os resultados. Via O Globo,Agências Internacionais