Força Nacional fala em 'condições desumanas' e encara ameaças de milícia

Entrada do condomínio da Força Nacional recebe visita de policiais de combate ao crime organizado imagem: Pedro Ivo Almeida/UOL
636 43 Pedro Ivo Almeida Do UOL, no Rio de Janeiro Escalada para garantir a paz e resolver problemas na cidade do Rio de Janeiro durante as Olimpíadas Rio-2016, a Força Nacional de Segurança tem outra missão antes dos Jogos: resolver a própria situação. E ela não é nada boa. As polêmicas viraram rotina entre os mais de três mil homens que já chegaram à cidade. Inicialmente, os policiais e bombeiros reclamaram da falta de condições mínimas no alojamento e do pagamento atrasado das diárias, ameaçando inclusive abandonar o serviço. A reportagem do UOL visitou o local que serve de moradia para os oficiais e constatou a falta de colchões, lâmpadas e até água em algumas unidades da Vila Carioca (condomínio do Minha Casa, Minha Vida), em Jacarepaguá – zona oeste do Rio de Janeiro. “Simplesmente nos jogaram aqui e falaram: ‘se vira’. Essa é a mensagem que nos passam. Disponibilizaram uns sacos de dormir e mais nada. Tem apartamento com infiltração, mofo. E tudo está muito sujo. Estamos nos juntando para montar uma condição mínima, mas ainda sem a verba da diária. As condições são desumanas demais. Tem oficial que não fala por medo de retaliação, mas precisamos mostrar isso”, disse um oficial oriundo de Santa Catarina.
Divulgação Alojamento da Força Nacional não tem camas. Policiais tiveram que comprar colchonetes. Em muitos quartos, alguns oficiais descansam apenas em sacos de dormir imagem: Divulgação Outros cinco policiais, de Goiás, Bahia e Acre, relataram os mesmos problemas. A Associação Nacional dos Praças (Anaspra), no entanto, se reuniu com representantes do Ministério da Justiça e prometeu aos oficiais que a situação das diárias será resolvida até sexta-feira (15). Já alojados no condomínio, os policiais e bombeiros se viram diante de uma situação ainda mais grave: as ameaças de milicianos que dominam as regiões da Gardênia Azul e Anil. “Veio um pessoal aí na terça e na quarta passar umas regras para nós. Falaram com alguns policiais. Não entendemos direito, não conhecíamos essa dinâmica de milícia que tem aqui no Rio”, explicou um dos policiais que conversaram com a reportagem nesta quinta (14). Trata-se de um cenário comum nos locais controlados por estes grupos na cidade. “Falaram que só podemos resolver gás e internet com eles. E deram um aviso para que não a turma não fique passeando fardada e com armamento pela região”, contou este mesmo oficial. Com a pressão após as reclamações, de acordo com a agência Reuters, os agentes da Força Nacional irão receber um aumento de quase 150% na diária para os Jogos Olímpicos, passando de R$ 224 para R$ 550. Durante a visita da reportagem nesta quinta, policiais civis da Delegacia de Repressão à Ações Criminosas Organizadas (Draco) visitavam o local.
“Não há nenhuma denúncia oficial. O que estamos fazendo é uma inspeção de rotina aqui na área. Mas estaremos atentos ao quadro. Por enquanto, tudo tranquilo”, minimizou o delegado Alexandre Herdy, acompanhado de duas viaturas. Apesar do tom da polícia local, o clima é de apreensão entre os novos habitantes da região. “Está tudo muito confuso. Parece que nos jogaram de qualquer jeito em um lugar inapropriado. A cabeça está ‘pesada’. Vamos ver se realmente irá melhorar”, disse um oficial do Mato Grosso, aguardando as ações prometidas para esta sexta

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