Mulher de blogueiro saudita detido recebe prêmio Sakharov
Ensaf Haidar, mulher do blogueiro saudita Raif Badawi, condenado em seu país a mil chibatadas por "insultar o islã", recebeu nesta quarta-feira, em Estrasburgo (leste da França), o prêmio Sakharov pela liberdade de consciência, concedido pelo Parlamento Europeu.
"Peço aqui novamente ao rei Salman que indulte Raif Badawi e que o liberte sem condições e imediatamente", afirmou no plenário o presidente do Parlamento Europeu, Martin Schulz, antes de entregar o prêmio.
Muito aplaudida pelos eurodeputados, Ensasf Haidar, que viajou do Canadá, onde está refugiada, afirmou que seu marido representa "uma voz livre no país do pensamento único".
"Em nossos países um pensamento livre e lúcido é considerado como um blasfêmia, é a ideologia de algumas sociedades árabes", lamentou.
De acordo com Haidar, "a sociedade (saudita) vive sob o jugo de um regime teocrático, que pede às pessoas apenas servidão".
A Eurocâmara concedeu a Raif Badawi o prêmio Sakharov em 29 de outubro.
Badawi, 31 anos, blogueiro, cofundador do site Rede Liberal Saudita, um fórum de discussão na internet, foi detido em 2012 depois que foram publicadas críticas à polícia religiosa saudita.
No fim de 2014 foi condenado a 10 anos de prisão e a 50 chicotadas por semana durante 20 semanas por "insultar o islã" neste reino ultraconservador, berço do wahabismo (uma versão rigorosa do islã), uma pena criticada pela Anistia Internacional como "escandalosamente desumana", assim como pela União Europeia (UE) e pelos Estados Unidos.
O saudita recebeu uma primeira sessão de chicotadas em 9 de janeiro. As punições seguintes foram adiadas por razões de saúde, em um primeiro momento, e por motivos não revelados depois.
No final de novembro, o chanceler suíço Yves Rossier afirmou que a sentença contra Badawi havia sido suspensa.
"Um procedimento de indulto está em curso ante o chefe de Estado, ou seja, o rei Salman ben Abdelaziz al Saud", disse.
O prêmio Sakharov à liberdade de consciência, que recebeu o nome em homenagem ao cientista e dissidente soviético Andrei Sakharov, foi criado em 1988 pelo Parlamento Europeu para prestar tributo a pessoas ou organizações que dedicaram suas vidas ou ações à defesa dos direitos humanos e das liberdades.
Via AFP
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