Cunha vê operação da PF como ‘revanchismo’ e diz que não renuncia
Presidente da Câmara defendeu mais uma vez que o PMDB deixe o governo Dilma
— Eu sou o desafeto do governo, todos sabem disso, e agora mais ainda, na medida em que dei curso ao processo de impeachment. Nada mais natural do que o governo agora buscar o seu revanchismo — disse.
Durante toda a manhã desta terça-feira, circulou um boato no Salão Verde da Câmara de que Cunha poderia renunciar. Ele negou com veemência essa possibilidade:
— Não tem a menor hipótese. De jeito nenhum — disse, acrescentando:
— Minha consciência está tranquila, eu sou absolutamente inocente. Todo mundo tem o direito de ser investigado, nenhum problema, mas estranho todas essas coincidências.
O presidente da Câmara afirmou não estar "nem um pouco preocupado" com a operação da PF, no âmbito da Lava-Jato, que ocorreu hoje. O que ele questiona, disse, é o contexto das ações deflagradas:
— Não tenho absolutamente nada a reclamar (sobre as ações de busca). O que eu estranho é o contexto, o dia e os objetos e objetivos. Não me parece que ninguém do PT que tem o foro que eu tenho é sujeito a algum tipo de operação. Só é sujeito a operações até agora aqueles que não são do PT — disse, afirmando que o caso do ex-líder do governo no Senado, Delcídio Amaral (MS), é diferente porque ele foi preso em flagrante por obstruir as investigações.
Ao classificar a operação desta terça-feira como “revanchismo”, Cunha acusou o ministro da Justiça de participar de reuniões durante a madrugada em Curitiba, onde se concentra a força-tarefa da Operação Lava-Jato:
— Eu sou um desafeto do governo, todo mundo sabe disso. Nada mais natural que eles vão buscar seu revanchismo. O que foi fazer o ministro José Eduardo Cardozo em Curitiba para ter reuniões na madrugada lá. São coisas muito estranhas que acontecem neste governo.
Ele reforçou que acorda “às seis horas da manhã e que a porta estaria aberta”. E criticou que os petistas não são alvos das operações.
— Eu fui escolhido para ser investigado, todos sabem disso – afirmou.
O presidente da Câmara voltou a se declarar inocente das acusações de ter recebido propina na contratação de dois navios-sondas da Samsung Heavy Industries pela Petrobras
— Eu sou completamente inocente.
Cunha também tentou atacar a PF e o MPF:
— É sinal que eles não têm prova, têm que colher alguma.
O presidente da Câmara defendeu mais uma vez que o PMDB deixe o governo Dilma Rousseff.
PROTESTO DE ASSESSORA É CONTIDO
Além de jornalistas, vários assessores, funcionários da Casa e curiosos estavam atentos à entrevista do presidente Eduardo Cunha no Salão Verde da Casa. A assessora Evelyn Silva tentou abrir uma camiseta em que, segundo ela, estava escrito “Fora Cunha”, mas foi contida por seguranças do Departamento de Polícia da Casa. Ela disse que é assessora do deputado Jean Wyllys (PSOL-RJ)
— Um agente do Depol me deu um soco e tirou de mim a camiseta que só estava escrito Fora Cunha. Além de uma violência contra a mulher, é um ato contra o direito à expressão — protestou Evelyn.
OPERAÇÃO CATILINÁRIAS CUMPRE 53 MANDADOS
A Polícia Federal deflagrou, nesta terça-feira, a Operação Catilinárias, na qual cumpriu 53 mandados de busca e apreensão em sete estados e no Distrito Federal. Os agentes estiveram na residência oficial do presidente da Câmara, em Brasília, na casa e no escritório de Cunha, ambos no Rio. Também foram realizadas buscas nas residências do deputado federal Aníbal Gomes (PMDB-CE), e dos senadores Edison Lobão (PMDB-MA) e Fernando Bezerra Coelho (PSB-PE), assim como em endereços do ministro do Turismo Henrique Eduardo Alves e do da Ciência e Tecnologia, Celso Pansera, ambos do PMDB. Os mandados foram concedidos pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Teori Zavascki, a pedido do Procurador-Geral da República, Rodrigo Janot. O PGR também pediu autorização para busca e apreensão na residência oficial de Renan Calheiros, presidente do Senado, mas Zavascki negou.
Via O Globo
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