Músicos são agredidos em vagão do metrô e acusam seguranças
Músicos são agredidos em vagão do metrô e acusam seguranças
Vídeo mostra agente dando gravata em artista. Empresa nega violência de funcionários
RIO — Os músicos Thales Browne, Yuri Genuncio e Thiago Mello voltavam para casa, na quinta-feira, às 23h20m, após mais um dia de apresentações. A caminho da Zona Norte, tocavam num vagão do metrô quando sete seguranças os obrigaram a parar. Os agentes exigiram que os três descessem na Central do Brasil. Leitores enviaram pelo WhatsApp do GLOBO (21 99999-9110) um vídeo de seis minutos que mostra uma série de discussões. Em um determinado momento, um segurança uniformizado dá uma gravata em um dos músicos. Nos últimos segundos da mesma gravação, eles correm em desespero, gritando “polícia, polícia”, enquanto são perseguidos e agredidos.
Nesta sexta-feira, um dia após as agressões, um dos jovens foi procurado no Facebook pelo agente de segurança Diego Freitas de Azevedo, que aparece nas imagens. Ele não viu problema em fazer uma ameaça em um comentário publicado na página do músico: “Para quem não sabe, o metrô é um transporte público, mas uma empresa privada. Então, pensem antes de falar merda. Ninguém se juntou para abordar ninguém. A galera estava indo embora quando encontraram (sic) esses músicos na composição. Isso não acaba por aqui. A brincadeira é de gato e rato”.
A assessoria de imprensa do metrô negou qualquer agressão e rejeitou o conteúdo do vídeo, alegando que foi editado. Sobre a ameaça, diz que “vai apurar a ocorrência e, se for constatado desvio de conduta, o funcionário sofrerá sanções disciplinares cabíveis”.
TOCAR NÃO É PROIBIDO
Não é proibido músicos tocarem no metrô carioca, embora a atividade ainda não seja regulamentada. O projeto de lei 2958/2014, do deputado André Ceciliano (PT), pretende autorizar manifestações culturais no interior de trens e metrôs. Os músicos pedem mudanças na proposta, entre elas a criação de um cadastro único, administrado pela Secretaria de Estado de Cultura, ao contrário do projeto original, que prevê um registro feito pela concessionária.
— Não somos proibidos de tocar no metrô, muito menos obrigados a descer. Mas já tínhamos parado, e, mesmo assim, formaram um cordão em volta da gente e começaram a nos agredir. Deram muita porrada na gente — contou Yuri ao GLOBO.
Segundo os músicos, tudo se passou em 20 minutos. Enquanto fugiam, um guarda municipal ofereceu ajuda. Ele os abrigou em sua cabine, na Central, depois os acompanhou à 4ª DP, ao lado, onde não conseguiram registrar a ocorrência. Foram à 9ª DP, no Catete, e o caso foi notificado. O guarda prestou depoimento como testemunha.
A Polícia Civil informou que as investigações estão em andamento. As vítimas fizeram exame de corpo de delito. Os seguranças serão intimados a depor e todas as imagens, periciadas.
EMPRESA DIZ QUE ATAQUE PARTIU DE PASSAGEIRO
Na gravação, um dos músicos pergunta: “Por que você está me agredindo, por que você está me agredindo?”. As imagens não são claras todo o tempo. Há muito movimento enquanto uma voz suplica: “Pare de me agredir”.
Em seguida, o jovem pede ajuda a seguranças. Um deles responde, sem fazer nada:
— Agora tu chama a gente, né? Agora tu chama a gente.
Os celulares dos músicos teriam sido tomados, como um deles diz na gravação: “Que é isso, cara, você está me machucando, tá me machucando. Me dá o celular agora, me dá o celular agora!”.
Depois de um deles receber um soco de um homem sem uniforme, vestido com camisa vermelha, o agressor berrou:
— Filma agora!.
Segundo o MetrôRio, o homem de camisa vermelha foi identificado, mas não se trata de um segurança: seria um passageiro. A assessoria de imprensa afirmou que as imagens estão à disposição das autoridades.
Segundo Fernanda Amin, advogada do Coletivo Artistas Metroviários (AME), ao qual os músicos pertencem, agressões a artistas no sistema público de transportes têm sido frequentes.
— Um dos meninos foi agredido há três semanas. Temos um registro de ocorrência feito. Ele estava no meio de um vagão quando um segurança veio e arrancou seu saxofone à força. O músico foi arrastado pelo vagão, segurando o instrumento — disse a advogada.
VÍDEO É MANIPULADO, DIZ METRÔ
Para o vice-presidente da Comissão de Direitos Humanos da OAB/RJ, Aderson Bussinger, “não se viu, por parte dos rapazes, nenhum gesto agressivo, nenhum ato de violência que justificasse uma abordagem mais dura”. A comissão vai acompanhar o processo e pretende dar auxílio aos músicos.
A versão do MetrôRio difere da narrada pelo agente de segurança no Facebook. A empresa diz que “um usuário incomodado com o som alto e a panfletagem comunicou aos seguranças da concessionária sobre a presença de músicos na composição”. Segue o texto: “Apesar de terem sido convidados a se retirar do sistema, os músicos se recusaram a sair do trem. Os agentes do MetrôRio agiram para evitar danos à segurança e aos usuários que estavam na composição. As câmeras de monitoramento registraram toda a ação e estão à disposição das autoridades. O vídeo editado e divulgado na internet mostra a discussão do usuário com os músicos. Para resolver o impasse, o MetrôRio acionou os policiais militares do convênio Proeis”.
Os músicos contestaram a nota e disseram que processarão a concessionária.
RIO — Os músicos Thales Browne, Yuri Genuncio e Thiago Mello voltavam para casa, na quinta-feira, às 23h20m, após mais um dia de apresentações. A caminho da Zona Norte, tocavam num vagão do metrô quando sete seguranças os obrigaram a parar. Os agentes exigiram que os três descessem na Central do Brasil. Leitores enviaram pelo WhatsApp do GLOBO (21 99999-9110) um vídeo de seis minutos que mostra uma série de discussões. Em um determinado momento, um segurança uniformizado dá uma gravata em um dos músicos. Nos últimos segundos da mesma gravação, eles correm em desespero, gritando “polícia, polícia”, enquanto são perseguidos e agredidos.
Nesta sexta-feira, um dia após as agressões, um dos jovens foi procurado no Facebook pelo agente de segurança Diego Freitas de Azevedo, que aparece nas imagens. Ele não viu problema em fazer uma ameaça em um comentário publicado na página do músico: “Para quem não sabe, o metrô é um transporte público, mas uma empresa privada. Então, pensem antes de falar merda. Ninguém se juntou para abordar ninguém. A galera estava indo embora quando encontraram (sic) esses músicos na composição. Isso não acaba por aqui. A brincadeira é de gato e rato”.
TOCAR NÃO É PROIBIDO
Não é proibido músicos tocarem no metrô carioca, embora a atividade ainda não seja regulamentada. O projeto de lei 2958/2014, do deputado André Ceciliano (PT), pretende autorizar manifestações culturais no interior de trens e metrôs. Os músicos pedem mudanças na proposta, entre elas a criação de um cadastro único, administrado pela Secretaria de Estado de Cultura, ao contrário do projeto original, que prevê um registro feito pela concessionária.
— Não somos proibidos de tocar no metrô, muito menos obrigados a descer. Mas já tínhamos parado, e, mesmo assim, formaram um cordão em volta da gente e começaram a nos agredir. Deram muita porrada na gente — contou Yuri ao GLOBO.
Segundo os músicos, tudo se passou em 20 minutos. Enquanto fugiam, um guarda municipal ofereceu ajuda. Ele os abrigou em sua cabine, na Central, depois os acompanhou à 4ª DP, ao lado, onde não conseguiram registrar a ocorrência. Foram à 9ª DP, no Catete, e o caso foi notificado. O guarda prestou depoimento como testemunha.
A Polícia Civil informou que as investigações estão em andamento. As vítimas fizeram exame de corpo de delito. Os seguranças serão intimados a depor e todas as imagens, periciadas.
EMPRESA DIZ QUE ATAQUE PARTIU DE PASSAGEIRO
Na gravação, um dos músicos pergunta: “Por que você está me agredindo, por que você está me agredindo?”. As imagens não são claras todo o tempo. Há muito movimento enquanto uma voz suplica: “Pare de me agredir”.
Em seguida, o jovem pede ajuda a seguranças. Um deles responde, sem fazer nada:
— Agora tu chama a gente, né? Agora tu chama a gente.
Os celulares dos músicos teriam sido tomados, como um deles diz na gravação: “Que é isso, cara, você está me machucando, tá me machucando. Me dá o celular agora, me dá o celular agora!”.
Depois de um deles receber um soco de um homem sem uniforme, vestido com camisa vermelha, o agressor berrou:
— Filma agora!.
Segundo o MetrôRio, o homem de camisa vermelha foi identificado, mas não se trata de um segurança: seria um passageiro. A assessoria de imprensa afirmou que as imagens estão à disposição das autoridades.
Segundo Fernanda Amin, advogada do Coletivo Artistas Metroviários (AME), ao qual os músicos pertencem, agressões a artistas no sistema público de transportes têm sido frequentes.
— Um dos meninos foi agredido há três semanas. Temos um registro de ocorrência feito. Ele estava no meio de um vagão quando um segurança veio e arrancou seu saxofone à força. O músico foi arrastado pelo vagão, segurando o instrumento — disse a advogada.
VÍDEO É MANIPULADO, DIZ METRÔ
Para o vice-presidente da Comissão de Direitos Humanos da OAB/RJ, Aderson Bussinger, “não se viu, por parte dos rapazes, nenhum gesto agressivo, nenhum ato de violência que justificasse uma abordagem mais dura”. A comissão vai acompanhar o processo e pretende dar auxílio aos músicos.
A versão do MetrôRio difere da narrada pelo agente de segurança no Facebook. A empresa diz que “um usuário incomodado com o som alto e a panfletagem comunicou aos seguranças da concessionária sobre a presença de músicos na composição”. Segue o texto: “Apesar de terem sido convidados a se retirar do sistema, os músicos se recusaram a sair do trem. Os agentes do MetrôRio agiram para evitar danos à segurança e aos usuários que estavam na composição. As câmeras de monitoramento registraram toda a ação e estão à disposição das autoridades. O vídeo editado e divulgado na internet mostra a discussão do usuário com os músicos. Para resolver o impasse, o MetrôRio acionou os policiais militares do convênio Proeis”.
Os músicos contestaram a nota e disseram que processarão a concessionária.
Via O Globo
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