Gosto muito de você leãozinho
'Achei que 'Leãozinho' era para mim até os 17', diz João Vicente
Sócio da Porta dos Fundos morou com o padrinho Caetano Veloso na infância
RIO — Ator e um dos sócios da produtora Porta dos Fundos, ele é um dos apresentadores do programa “Papo de segunda”, do GNT, ex-namorado de Cleo Pires e Sabrina Sato. Para os íntimos, João Vicente. Para os demais, o filho do jornalista Tarso de Castro, um dos fundadores do semanário “O Pasquim”. Reconhecidamente ácido, inventivo e insubordinado, Tarso, diante do rebento, virava apenas um pai babão, como conta João:
— Ele nunca quis ter filho. Eu fui um acidente. Mas ele ficou louco por mim, me levava para o bar de madrugada, fazia tudo o que eu queria. E eu era muito vidrado nele — afirma João, de 32 anos, que, aos 8, perdeu o pai para o álcool.
Tarso morreu de cirrose hepática em 20 de maio de 1991. Quem lhe deu a notícia foi a mãe, a estilista Gilda Midani, que estava grávida de sua meia-irmã, Ana, nascida uma semana depois.
— Quando entrei na sala, ela estava aos prantos falando que meu pai tinha morrido. Não acreditei. Quando você tem 8 anos, não acha que pai é um bicho que morre. Achava que ele voltaria a qualquer momento — lembra o ator.
João acabou indo morar com o padrinho, Caetano Veloso, e com a então mulher do cantor, a produtora Paula Lavigne.
— Minha mãe estava com neném pequeno, tinha de dar atenção, acabei ficando com eles por um ano. Tenho muita gratidão por Paula e Caetano. Eles foram meus pais, sempre muito carinhosos comigo. Paula tinha 20 e poucos anos, um filho pequeno (o Zeca) e ainda organizava a minha vida. Caetano ia às reuniões da minha escola, tocava violão para eu dormir. Ele falou que “Leãozinho” era para mim e eu acreditei até os 17 anos — conta João, aos risos.
O carinho é retribuído pelo padrinho:
— Adoro meu afilhadinho, que ficou enorme (João tem 1,90m). Tenho orgulho quando vejo o Porta dos Fundos e tudo o mais. Feliz por ter podido dar uma ajudinha quando ele era pequeno. Ele exagera: não fiz quase nada. Mas ele era e é sempre bem-vindo em qualquer casa minha.
João, aliás, teve várias casas. Chegou a morar sozinho em Nova York aos 13 anos.
— Não tinha muitos amigos, era gordinho, chato, nerd. Fui com minha mãe, me apaixonei por uma mulher mais velha e pedi para ficar. Minha mãe, que é hippie e alternativa, deixou.
De volta à terra natal, estudou teatro na Casa das Artes de Laranjeiras, estagiou na W/Brasil (hoje WMcCann), foi assistente de direção na Natasha Filmes (hoje Uns Produções), roteirista do “Caldeirão do Huck”... Ele queria mesmo se distanciar profissionalmente do pai.
— O fato de ter muito orgulho dele me fez ser o que sou. Mas jamais faria jornalismo, não quis ser filho do Tarso para sempre. Meu pai era o homem mais charmoso, mais bonito, mais galante, mais genial. Eu me cobrava ser tão inteligente, tão interessante.
Mas Gilda conta que ele nem precisava se cobrar:
— O DNA falou mais alto. Ele herdou o jeito de falar, de se sentar, de olhar, a sagacidade... E uma forma muito especial, intensa e sedutora de amar os amigos e as mulheres.
Novo projeto estreia na televisão
Solteiro, João confessa que sua paixão atual é o teatro. Ele descobriu os palcos este ano, ao lado de Gregório Duvivier, Luis Lobianco e Gustavo Miranda, no espetáculo de improviso “Portátil”, que esteve em cartaz recentemente no Rio e segue para temporada em Portugal. Outro xodó são os esquetes semanais do Porta dos Fundos que grava para a internet. E a “filha mais nova” da produtora, a série “O grande Gonzalez”, que estreia dia 2 de novembro na Fox.
— Quero me aprofundar como ator, estudar mais, continuar trabalhando com prazer e com pessoas que eu amo — planeja, fazendo uma autoavaliação de sua trajetória. — Minha vida foi muito bem roteirizada: aconteceram muitas coisas tristes, estão acontecendo muitas coisas felizes. E tudo parece que faz sentido
Via o Globo
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