Justiça concede liberdade a PMs presos por morte de Haíssa, em Nilópolis
Desembargadores da Quarta Câmara
Criminal concederam um habeas corpus aos policiais militares Márcio José
Watterlor Alves e Delviro Anderson Moreira Ferreira. Os militares - lotados na
41º BPM (Irajá) - são, respectivamente, o motorista da viatura e o carona
responsável pelos tiros que mataram a assistente de telemarketing Haíssa Motta,
de 24 anos, em Nilópolis, no dia 2 de agosto do ano passado. Imagens da câmera
do carro mostraram a perseguição ao carro onde estava a jovem e outros quatro
amigos, que voltavam de um pagode, em Bento Ribeiro. Eles estão presos, desde
15 de janeiro, no Batalhão Especial Prisional (BEP), em Benfica.
O relator do habeas corpus foi o
desembargador João Ziraldo Maia. Outros dois magistrados concordaram o seu
voto. A decisão ainda não está disponível no site do Tribunal de Justiça do
Rio.
De acordo com a decisão, concedida
por unanimidade, foi determinada a expedição dos alvarás de soltura para os
militares. Quando a prisão dos PMs foi decretada, o juiz Glauber Bitencourt
alegou que o afastamento das funções de policiamento ostensivo era
“insuficiente para assegurar a livre colheita da prova” do crime. Segundo o
magistrado, somente a prisão cautelar poderia “afastar qualquer temor por parte
das testemunhas” da morte da jovem. No despacho, Glauber declarou ainda que “as
imagens do que ocorreu na fatídica madrugada de agosto de 2014 estarreceram o
país”. O vídeo, segundo o juiz, mostra que inúmeros disparos de arma de grosso
calibre foram efetuados na direção do HB20 - conduta que “ceifou a vida da
jovem Haissa” e “enlutou uma família inteira”.
O crime
Haíssa foi atingida por um tiro de
fuzil, nas costas, durante uma perseguição em Nilópolis, na Baixada Fluminense.
Nas imagens das câmeras mostram Watterlor colocando o corpo para fora do carro
e disparando nove vezes contra o veículo onde estava Haíssa e os amigos.
Watterlor e Delviro, ao verem o
Hyundai HB20, comentam: “Carro daquele branco que tá roubando para c...”. O
fato de serem “quatro cabeças, um moleque de boné e tudo”, como diz um dos PM,
é a justificativa suficiente para iniciar a perseguição. Vinte segundos depois,
mesmo com o pedido de “calma” do colega que dirigia a viatura, Watterlor abre
fogo.
A caminho do hospital, Jéssica, uma
das amigas de Haíssa, chora dentro da viatura e é repreendida pelos PMs: “Vamos
manter a calma, gente. Tá complicado”.
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