Indígena é aprovada para medicina em duas universidades federais
Jovem de MS passou na federal de São Carlos (SP) e de Santa Maria (RS).
Ela sonha em voltar formada para atender população indígena da aldeia.
Filha de uma professora e moradora da aldeia Tey Kuê em Caarapó, a 264 km de Campo Grande, a jovem indígena de Mato Grosso do Sul, Dara Ramires Lemes, 19 anos, foi aprovada para o curso de medicina em duas universidades federais do país. A estudante da etnia guarani ficou em primeiro lugar no vestibular da Universidade Federal de São Carlos (UFSCAR) e da Universidade Federal de Santa Maria (UFMR).
Segundo a estudante, o vestibular de Santa Maria foi por cota, reservada só para indígenas. "Ofertaram duas vagas e eu me dei bem, fiquei com o primeiro lugar. Já na UFSCAR, eles fizeram vestibular específico para indígenas. Só os que comprovaram residir em aldeias participaram daquele vestibular. Foram 67 indígenas por vaga e, graças a Deus, eu consegui", comemorou.
A gatora conta que estudou a vida toda na escola da aldeia. Depois de concuir o ensino médio, ela fez cursinho por dois anos e também reforçou os estudos em casa, totalizando cerca de 10 horas de dedicação por dia. O esforço valeu a pena e trouxe uma conquista inesperada por ela e pela família: a aprovação, em 1º lugar, em duas faculdades federais de medicina.
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Segundo sonho
Antes de alcançar as duas aprovações, a estudante se destacava como jogadora de futebol. Ela lembra que chegou a jogar na equipe feminina do clube de futebol Atlético Mineiro, em Belo Horizonte (MG), após de participar de uma seletiva. Depois de morar dois anos na cidade mineira e atuar no time, ela voltou para a aldeia Tey Kuê, em Caarapó.
Antes de alcançar as duas aprovações, a estudante se destacava como jogadora de futebol. Ela lembra que chegou a jogar na equipe feminina do clube de futebol Atlético Mineiro, em Belo Horizonte (MG), após de participar de uma seletiva. Depois de morar dois anos na cidade mineira e atuar no time, ela voltou para a aldeia Tey Kuê, em Caarapó.
Ela decidiu abrir mão do futebol e trocar a bola pelos livros. Agora o esporte virou lazer e os estudos são prioridade. A mãe da menina, Zenir Lemes Ramires, é professora e teve papel fundamental no apoio aos estudos, segundo Dara. "Ela começou a ser alfabetizada aos 4 anos. É uma menina intelectual, que gosta de estudar, que gosta de correr atrás, buscar resultados. Ela é bem esforçada e eu ajudava também", lembrou a mãe da estudante.
Em casa, a estudante virou motivo de orgulho, principalmente para o irmão mais novo, Dário Ramires. "Minha irmã sempre foi esforçada, sempre via ela estudando dia e noite, se esforçando muito, chegando do cursinho e estudando mais. Sempre foi minha inspiração", afirmou Dário.
A estudante escolheu cursar medicina em Santa Maria. Depois de realizar dois sonhos, de jogar futebol e ser aprovada em medicina, Dara faz planos para concretizar a terceira meta, que é voltar formada para trabalhar como médica no posto de saúde da comunidade onde mora.
"Com certeza vou voltar na minha reserva e ajudar os outros indígenas e tratar eles bem, porque eles necessitam. Eles têm uma certa dificuldade de comunicação e, tendo uma profissional nessa área, sendo indígena, eles vão conseguir se abrir mais comigo. Vou poder ajudar melhor eles", explicou.
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