quinta-feira, 29 de janeiro de 2015

AÇÃO URGENTE: Adolescente desapareceu durante operação da Polícia Militar


Rute Silva Santos, mãe de Davi, segura uma camiseta com a foto do filho de 16 anos, desaparecido. | ©Thais Herdy / Amnesty International
Rute Silva Santos, mãe de Davi, segura uma camiseta com a foto do filho de 16 anos, desaparecido. | ©Thais Herdy / Amnesty International
Um jovem de 16 anos está desaparecido depois de supostamente ter sido amarrado e levado por policiais militares durante uma operação da PM na cidade de Salvador, Bahia, nordeste do Brasil. A mãe do adolescente tem recebido ameaças desde que foi a público exigir informações sobre o paradeiro de seu filho.
Às 7h30 da manhã do dia 24 de outubro, Davi Fiuza, um adolescente de 16 anos de idade, teria desaparecido no bairro de São Cristóvão, na cidade de Salvador, depois de supostamente ter sido abordado por policiais militares do PETO (Pelotão de Emprego Tático Operacional) e da RONDESP (Rondas Especiais) durante uma operação policial. Ele conversava com uma vizinha quando os policiais o abordaram. Outros vizinhos que presenciaram a cena teriam recebido ordens da polícia para retornarem a suas casas.
A mãe de Davi Fiuza, Rute Silva Santos, contou à Anistia Internacional que policiais militares teriam amarrado os pés e as mãos de seu filho e que o teriam encapuzado. “Depois, jogaram o meu filho dentro do porta-malas de um carro descaracterizado”, disse ela.
Davi Fiuza não é visto desde aquela manhã e o seu paradeiro ainda é desconhecido. Desde então, a família do adolescente tem procurado por ele em delegacias de polícia, hospitais e lugares conhecidos por serem locais de desova de corpos, sem nenhum sucesso. Parentes, amigos e organizações locais têm se mobilizado nas mídias sociais para divulgar o caso e exigir informações. Apesar de depoimentos de testemunhas, a Corregedoria da Polícia Militar alega que não há elementos consistentes que indiquem a participação de policiais militares no desaparecimento de Davi Fiuza.
Depois de denunciar publicamente o desaparecimento de seu filho e começar a se mobilizar para exigir informações sobre seu paradeiro, Rute Silva Santos começou a receber ameaças diretas nas redes sociais e também mensagens em SMS. Uma dessas ameaças mostrava imagens de mulheres estupradas e esfaqueadas junto a uma mensagem que dizia “é assim que a gente faz com mulheres fortes”. Rute Silva Santos tem quatro filhas e agora teme pela segurança delas, bem como pela sua própria.
Informações complementares
Davi Fiuza é um membro bem-conhecido e ativo de seu bairro. Sua mãe contou à Anistia Internacional que ele gostava de esportes e recentemente tinha se matriculado em uma escola de box. Ela disse: “Mesmo que fosse envolvido com algo (o que meu filho não era), ninguém, principalmente o Estado, tem o direito de sumir com uma pessoa”.
A periferia da cidade de Salvador é conhecida por ser área de atuação frequente de “esquadrões da morte”. Eles se organizam regionalmente e suas atividades podem atingir diversas cidades em mais de um estado. Por essa razão, em 2005 um relatório foi lançado por uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Câmara dos Deputados focando na investigação de atividades criminosas de milícias privadas e “esquadrões da morte” em toda a região nordeste do Brasil.
Em agosto de 2013, a Anistia Internacional lançou uma Ação Urgente sobre um caso de desaparecimento na cidade do Rio de Janeiro (ver UA 202/13: http://www.amnesty.org/en/library/info/AMR19/003/2014/en). A PM prendeu um homem, que aparentemente teriam confundido com um traficante que eles estavam perseguindo na cidade, em 14 de julho de 2013. A polícia incialmente alegou que havia liberado o homem, Amarildo Souza Lima, depois de checar seus antecedentes, mas ele não foi mais visto depois de ter sido levado pela polícia. Devido a forte mobilização nacional e internacional, os policiais foram forçados a conduzir uma meticulosa investigação sobre o caso. Investigações revelaram fortes evidências de que Amarildo teria sido torturado e morto nas dependências polícia. Apesar de seu corpo não ter sido encontrado até hoje, mais de 20 policiais foram acusados de sua morte, estão esperando julgamento em prisão preventiva, e o estado do Rio de Janeiro é agora obrigado a pagar uma compensação financeira à sua família.

Nome: Davi Fiuza (m) e Rute Silva Santos (f)
Gênero m/f: ambos

UA: 301/14 Index: AMR 19/014/2014 Data de Lançamento: 2 de dezembro 2014
Entre em ação
Por favor, envie seus apelos até o dia 13 de janeiro
  • Instando as autoridades a iniciar sem demora uma investigação célere, meticulosa e independente sobre o que aconteceu com Davi Fiuza depois que ele foi apreendido durante uma operação da polícia militar e a trazer os suspeitos de responsabilidade criminal a julgamento;
  • Instando-as a investigar as ameaças feitas contra Rute Silva Santos e a protegê-la, bem como seus parentes, de intimidações como consequência da denúncia;
  • Instando as autoridades a garantir que testemunhas em potencial e pessoas que façam parte da investigação sejam protegidas de quaisquer formas de intimidações ou ameaças.

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