segunda-feira, 15 de setembro de 2014

'Uma puta deputada'

'Uma puta deputada'
Há quatro anos, a campanha para deputado federal apresentava uma novidade. A disputa tinha a presença de uma prostituta assumida, Gabriela Leite, do PV, ostentando o slogan “uma puta deputada”. Como se sabe, a fundadora da Daspu e da ONG Davida, ficou longe da vaga (1.216 votos). A americana Laura Murray, 36 anos, doutoranda em antropologia na Universidade de Columbia, acompanhou a campanha de Gabriela, morta em 2013. Laura fez o documentário “Um beijo para Gabriela”, virou secretária-executiva da ONG Davida e acaba de publicar um ensaio sobre o que viu nos bastidores da política no livro “Prostituição e outras formas de amor”, da editora da UFF, que será lançado terça, na Travessa do Centro. O que mais chamou a sua atenção durante a campanha? Foi a corrupção. O filme mostra um pastor evangélico tentando vender votos para Gabriela. Ela ficou indignada, e claro, eu também, mas o que me impressionou foi que a própria cena inverteu estereótipos: um representante da comunidade religiosa tentando vender votos para uma puta. E a puta sendo a pessoa mais ética, afirmando que o voto dela era voto de opinião. Esta ideia de que existe “voto de opinião” é muito louca. Não era para todo voto ser de opinião? Foi o que mais chocou você? O que mais me chocou foi a própria Gabriela. Ela era uma das poucas pessoas na campanha que tinham a coragem de lidar com temas polêmicos. Ela falava abertamente de aborto, que era até mais polêmico do que defender as prostitutas. Ela se afirmava como uma mulher completa, e não como um político. Ela dizia o que pensava de fato e não o que as pessoas gostariam de ouvir. Percebi como isso era raro nos outros candidatos. Fiquei surpresa com outras coisas também: a quantidade de candidatos, a propaganda eleitoral, as alianças entre partidos, a corrupção e a compra de votos. E, claro, de como tem gente que vota em pessoas como Garotinho. Mas penso o mesmo sobre quem votou no Bush! Você acha que a campanha mudou muito de lá pra cá? Pouca coisa. Pelo menos agora existe uma candidata a presidente (Luciana Genro) que defende abertamente a questão do aborto. Mas faltam a voz, a garra e a coragem da Gabriela.

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