Protesto contra aumento de tarifa de ônibus tem confronto na Central, Rio

A PM reprimiu!

Um protesto que começou pacífico na Candelária, no Centro do Rio, teve um princípio de confusão por volta das 19h10 desta quinta-feira (6). A dois dias de entrar em vigor a nova tarifa dos ônibus municipais no Rio, de R$ 3, centenas de pessoas se reuniram para mais um ato de protesto contra o aumento das tarifas de ônibus. Policiais e manifestantes entraram em confronto, e bombás de gás lacrimogêneo e pedras foram lançadas, em um clima de muita tensão.
O encontro teve início na Candelária, de onde os manifestantes seguiram em passeata pela Avenida Presidente Vargas. A interdição da via teve início às 18h20, nas pistas lateral e central no sentido Zona Norte, e causou reflexos em várias vias do Centro.
Dezenas de jovens mascarados e trajando roupas pretas lideravam a caminhada na pista lateral. Policiais militares acompanhavam o cortejo de cada lado da avenida. Ao final da multidão uma banda animava os passantes. O principal grito entoado no início da manifestação ao som da percussão e dos metais era o de "não vai ter Copa e nem aumento". Os cartazes erguidos pelos manifestantes criticavam, além do aumento na tarifa, a Prefeitura e, principalmente, a Fetranspor.
Tarifa zero
Mais do que protestar contra o aumento do valor das passagens, os manifestantes dizem lutar pela tarifa zero no transporte público da cidade. Eles denunciam precárias condições de ônibus, metrô, trens e barcas. Além disso, reclamam da falta de investimento do poder publico em obras de mobilidade, o que torna lento o deslocamento de casa para o trabalho.
O discurso dos ativistas procura também denunciar suposto favorecimento das concessionárias que operam o sistema de transporte, alegando ser obscura a relação das empresas com a máquina estatal e que seria obrigação do Estado gerir e subsidiar o transporte público.
No dia 30 de janeiro, outra manifestação contra o aumento das passagens promoveu um pulo coletivo de catracas da Central do Brasil. Centenas de passageiros acabaram também passando pelas roletas sem pagar, estimulados pelos ativistas.
Reajuste
O valor da passagem de ônibus vai aumentar 9,09%, como divulgado no dia 29. O anúncio foi feito um dia após o Tribunal de Contas do Município (TCM) votar o relatório sobre o serviço prestado pelas empresas de ônibus no Rio. O TCM informou que não tem competência para decidir se pode ou não haver reajuste no preço das passagens de ônibus e deixou a cargo da Prefeitura a decisão sobre o reajuste.
O decreto assinado pelo prefeito Eduardo Paes que estabelece o reajuste da tarifa determina uma série de adequações que deverão ser tomadas pela Secretaria Municipal de Transportes para fiscalizar o Serviço Público de Transporte de Passageiros por Ônibus (SPPO). Entre as principais obrigações está a contratação de empresa de auditoria para fiscalizar as revisões tarifárias. O documento estabelece ainda, entre outras medidas, que a secretaria exija dos consórcios a adequação dos terminais de passageiros no prazo de até 180 dias e elabore, no prazo de 30 dias, plano determinando que, até 31 de dezembro de 2016, todos os ônibus sejam equipados com ar-condicionado.
Na mesma semana do anúncio do aumento nos ônibus, o governador Sérgio Cabral anunciou, na sexta-feira (31), que serão mantidos os valores atuais das tarifas de trens (R$ 2,90), barcas (R$ 3,10) e metrô (R$ 3,20).
Operação Pare o Aumento
Assim que foi anunciado o aumento, ativistas começaram a mobilizar manifestantes nas redes sociais para um ato de protesto desta quinta. "Se a passagem aumentar, o Rio vai parar", informa o cartaz publicado no Facebook.
Desde dezembro, quando Paes sinalizou que haveria aumento em 2014, manifestantes foram às ruas para dizer que não aceitariam qualquer aumento. Na noite de 18 de janeiro, um grupo interditou a Avenida Presidente Vargas, no Centro do Rio. Em seguida, o protesto continuou na Central do Brasil, onde alguns ativistas também chegaram a pular as catracas.
'Recuo após pressão popular'
Em 1º de junho do ano passado a tarifa dos ônibus do Rio aumentou de R$ 2,75 para R$ 2,95. Após mobilização em outras capitais por causa do aumento da passagem, houve protestos também no Rio e o reajuste de R$ 0,20 acabou suspenso pelo prefeito Eduardo Paes 18 dias depois.
No Rio, foram cinco grandes protestos em repúdio ao reajuste. Na primeira manifestação, cerca de 2 mil pessoas se reuniram no Centro do Rio. O ato, que começou pacífico, terminou em confronto com policiais militares. Um grupo mais radical ateou fogo na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj).
Os atos contra reajuste das tarifas do transporte público nas capitais começou em São Paulo. A situação influenciou manifestações no Rio e em outras capitais do país, que também acabaram recuando no reajuste das passagens. Ao anunciar que a tarifa no Rio voltaria a R$ 2,75, Paes disse que a decisão foi tomada em conjunto com o prefeito de São Paulo, Fernando Haddad. À época, o prefeito do Rio disse que a conversa entre os dois já vinha acontecendo havia algum tempo.



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