PELO FIM DUPLA FUNÇÃO DE MOTORISTA/COBRADORES.
Combatemos a desatenção na direção veicular como o fazemos com relação ao uso do celular, fumar, desviar atenção para
colocar um CD, mexer no painel e outras situações. Buscamos melhorar a
qualidade de vida no trabalho do motorista que desenvolve atividade no
transporte coletivo, onde múltiplos fatores de risco agridem seu
organismo, onde ainda ocorrem reações orgânicas repercutindo sobre o
trabalho desenvolvido. Não podemos entender e tão pouco aceitar que esse
mesmo motorista possa desenvolver dupla função (motorista/cobrador).
A vigília, atenção, concentração, raciocínio, respostas motoras
rápidas, sensibilidade tátil, visão e audição são elementos essenciais
para aquele que transita na direção veicular. Despertar atenção desse
elemento com uso de celular, com movimentos bruscos ao volante, como
fazer tocar um CD, fletir o corpo para mexer em algo no painel são
riscos que levam ao acidente.
Recentemente, fui surpreendido
por uma atividade incompatível com a direção veicular. Ao adentrar o
ônibus pela porta da frente, fui interceptado pelo motorista que me
cobrava à passagem. Rapidamente passou-me o troco, atravessei a catraca e
sentei passando a observar detalhes daquele trabalho. Era um para e
anda, o recebe e dá troco e a ansiedade para movimentar o coletivo
porque outros se encontravam em sua traseira.
Não posso
entender, enquanto todos os órgãos responsáveis pelo desenvolvimento
desse trabalho na direção veicular preocupam-se com a atenção,
concentração, redução do estresse, melhor qualidade de vida no trabalho,
outros, sem identificar a sobrecarga e a penosidade do trabalho, o
submetem a situação de alto risco.
Imagine que estamos aumentando em
muito a responsabilidade com a manipulação de dinheiro, troco,
desviando a atenção e concentração do indivíduo. Temos convicção de que
estamos expondo a vida desse homem, dos usuários e pedestres a riscos
iminentes.
O evoluir do trabalho intranquilo, preocupado,
sujeito a assaltos, agressões, acidentes, danos a terceiros, são
contrários à qualidade de vida nessa atividade. O anda e para do
trânsito, das paradas de ônibus, o risco físico, químico, ergonômico,
biológico que repercutem sobre esse organismo, tudo concorre para um
trabalho de sacrifício, de intolerância, de estresse e fadiga intensa.
Não podemos esquecer que além de tudo isso as jornadas de trabalho são
longas, ultrapassando o que determina a legislação.
A economia
do empresário reduzindo o número de funcionários joga no pobre motorista
uma carga de trabalho, responsabilidade e susceptibilidade para
desenvolver sinais, sintomas e doenças. Em curto espaço de tempo os mais
resistentes estarão buscando os ambulatórios médicos com queixas as
mais variadas. Certamente serão detectados distúrbios físicos,
psicológicos e sociais e em consequência a necessidade de tratamento
específico, bem como a necessidade de afastamento do trabalho. Aumenta o
absenteísmo, surgem doenças ocupacionais.
As entidades
responsáveis pela orientação, fiscalização e até punição das empresas
responsáveis pelo transporte coletivo, precisam entender que o trabalho
de motorista é um trabalho penoso, sofrido, caracterizado pelos riscos
que a função é submetida como a exposição ao ruído, vibração, variações
térmicas, gases, vapores, fuligem, agentes microbianos, postura,
trabalho repetitivo, estresse e tudo mais que envolve a relação com o
público onde cada um reage de maneira pessoal.
Entender isso é
entender que precisamos melhorar a qualidade de vida no trabalho de uma
classe sacrificada. Desviar a atenção, concentração para outra atividade
de responsabilidade, que aumenta a tensão, estresse, desgaste físico,
concorre para o atropelamento de um pedestre, colisão e outros. Há
necessidade de ações junto às empresas, e de órgãos governamentais,
impedindo que essa absurda dupla atividade seja mantida. Além do
sacrifício e sobrecarga a que é submetido o profissional do volante,
tudo concorre para risco maior com prejuízo para o estado, empresário,
motorista e sociedade como um todo.
Estamos em plena década de
segurança viária, precisamos agir sobre todos os fatores que direta ou
indiretamente venham aumentar nossas estatísticas de mortes e sequelados
no nosso trânsito.
O Colunista e Articulista Durval Goulart que
também já foi rodoviário deverá ainda na próxima semana estar se
reunindo com a classe visando acionar os empresários via Ministério
Público para que os mesmos se sensibilizem e deixem só de pensar em
lucros.A medida caso retomada vai gerar novamente empregos para
cobradores de ônibus.Disse Goulart.
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