Ataque químico teria matado mais de 1.300 pessoas na Síria, Exército nega AFP







A oposição síria acusou a comunidade internacional de ser cúmplice do ataque com armas químicas praticado pelo regime sírio na periferia de Damasco, por seu silêncio, depois da suposta morte de mais de 1.300 pessoas.
O ataque provocou uma onda de condenações internacionais. O regime de Damasco e o Exército negaram categoricamente o uso de armas químicas nessa região.
O Conselho de Segurança da ONU iniciou nesta quarta-feira consultas a portas fechadas, a pedido de cinco membros (França, Estados Unidos, Reino Unido, Luxemburgo e Coreia do Sul).
Vários países, assim como a Liga Árabe, pediram que os especialistas das Nações Unidas, que chegaram no domingo à Síria para investigar o eventual uso dessas armas no conflito, visitem imediatamente os locais do suposto massacre.
Segundo as fontes da oposição, centenas de pessoas morreram por terem inalado gás e ficado expostas às armas químicas.
Em vídeos postados no YouTube é possível ver crianças recebendo os primeiros socorros em um hospital de campanha, principalmente oxigênio para ajudá-las a respirar. Médicos aparecem tentando ressuscitar crianças inconscientes que não mostram ferimentos visíveis.
A autenticidade dos vídeos não pôde ser comprovada até o momento.
Os Comitês de Coordenação Local (LCC), uma rede de militantes, também informaram a respeito de centenas de vítimas devido ao "uso brutal de gases tóxicos pelo regime criminoso em partes de Ghouta Ocidental".
As autoridades negaram as acusações.
"As informações sobre o uso de armas químicas em Ghouta são totalmente falsas", assegurou a agência estatal Sana, num momento em que uma missão de inspetores da ONU visita o país exatamente para investigar o uso de armas químicas.
Contudo, o acordo entre Damasco e a ONU limita a missão de inspetores a Khan al-Assal (perto de Aleppo), Ataybé, perto de Damasco, e em Homs, no centro da Síria.
A União Europeia exigiu uma investigação "imediata e aprofundada", segundo um porta-voz da chefe da diplomacia da UE, Catherine Ashton.
A Rússia, um dos maiores aliados do regime de Bashar al-Assad, por sua vez, considerou nesta quarta-feira que a denúncia de utilização de armas químicas por parte das autoridades sírias é uma provocação.
"Tudo isso nos faz pensar que estamos de novo diante de uma provocação planejada de antemão", indicou o ministério russo das Relações Exteriores em um comunicado.
A agência de notícias Sana descreveu as ações do Exército nesta quarta como "operações contra grupos terroristas", nas quais morreram "vários deles".
Mas o chefe da oposição síria exigiu uma reunião de emergência do Conselho de Segurança da ONU sobre o "massacre".
"Peço ao Conselho de Segurança da ONU que realize uma reunião urgente para assumir suas responsabilidades ante esta matança", afirmou Ahmad Jarba ao canal Al-Arabiya.
Outro líder opositor, George Sabra, indicou à imprensa o número de 1.300 mortos em várias localidades nos arredores de Damasco, considerando que o massacre torna impossível qualquer solução política.
"O que nos mata e mata nossas crianças não é apenas o regime. A indecisão americana nos mata. O silêncio de nossos amigos nos mata. O abandono da comunidade internacional nos mata, a indiferença dos árabes e muçulmanos, a hipocrisia do mundo que se acredita livre nos mata", declarou em uma coletiva de imprensa em Istambul.
"O regime tripudia da ONU e das grandes potências quando ataca perto de Damasco com armas químicas, no momento em que a comissão de investigação internacional se encontra a poucos passos de distância", acrescentou.
"Onde está a comunidade internacional. Onde está a honra?", insistiu, falando dos 1.300 mortos no ataque desta quarta-feira.
"Todo discurso sobre a conferência de Genebra 2 e as propostas políticas são nulas com o prosseguimento desses massacres. O que tem acontecido destroi qualquer esforço político pacífico e torna absurdo todo discurso a este respeito", acrescentou.
Sabra fez referência à conferência de paz internacional sobre a Síria - Genebra 2 - planejada por Moscou e Washington, mas cuja organização se arrasta há meses.
Representantes da Rússia e dos Estados Unidos devem se reunir novamente na próxima semana para prepará-la.
O diretor do Observatório Sírio dos Direitos Humanos, Rami Abdel Rahman, que não confirmou o uso de armas químicas, indicou pelo menos 136 mortos, afirmando que esse número pode aumentar devido à violência do bombardeio, que foi mantido durante todo o dia
A operação se concentrou em Mouadamiya al-Cham, a sudoeste da capital, que o Exército tenta retomar, indicou o OSDH, que se baseia em uma ampla rede de militantes e de fontes médicas.
Vários especialistas consultados pela AFP se mostraram prudentes. Paula Vanninen, diretora da Verifin, um instituto finlandês para a verificação da convenção de armas químicas, declarou que "não está totalmente convencida" de que se trata de um ataque com gases nervosos.
"As pessoas que ajudam as vítimas não usam roupas de proteção nem máscaras e, se fosse o caso, elas teriam sido contaminadas e teriam os mesmos sintomas", disse ela, a respeito do vídeo.
Para Gwyn Winfield, diretor da revista CBRNe Wold, especializada em armas químicas, "não existe informação alguma indicando que médicos ou enfermeiros morreram, o que leva a crer que não é o que se considera como gás sarin militar, mas pode ser um gás sarin diluído.

Fonte. Yahoo.

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