Pai de Joanna Marcenal é levado para o presídio de Bangu 8
MAUS-TRATOS
Pai de Joanna Marcenal é levado para o presídio de Bangu 8
Publicada em 26/10/2010 às 12h40m
Waleska Borges e arquivo O GloboRIO - O pai da menina Joanna Marcenal Marins, morta em agosto, André Rodrigues Marins, já passou pelo exame de corpo-delito no IML e está seguindo para o presídio de Bangu 8, onde ficará detido, por ter curso superior. Ele passou a noite na Delegacia da Criança e Adolescente Vítima (Dcav). A madrasta da menina, Vanessa Maia, não apareceu na delegacia na manhã desta terça-feira. Parentes de Joanna também não estiveram no local.
André foi preso no Fórum do Rio, na noite desta segunda-feira, após a Justiça aceitar denúncia do Ministério Público. Ele é acusado de torturar e matar a criança, de 5 anos.
Ao chegar na Dcav, ele era esperado por cerca de dez parentes da mãe de Joanna, Cristiane Cardoso Marcenal Ferraz, que gritavam pedindo Justiça. Vestindo camisas brancas, com o retrato da menina, o grupo improvisou uma manifestação gritando "assassino, assassino". Em seguida, depois de contidos pelos policiais, os parentes formaram uma roda e, de mãos dadas, rezaram.
O delegado Luiz Henrique Pereira disse, ainda, esperar que a Justiça determine a prisão da madrasta de Joanna, Vanessa Maia . O MP também pediu a prisão de Vanessa, porém o juiz Guilherme Schilling, do 3º Tribunal do Júri, que determinou a prisão imediata de André, ainda não decidiu se aceitará o pedido da promotoria em relação a ela.
Chorando muito, Cristiane Cardoso Marcenal Ferraz, mãe de Joanna, disse segunda-feira que a denúncia do Ministério Público provou que André tinha a intenção de matar sua filha desde o momento em que conseguiu a guarda da menina.
- Hoje, a sociedade pode dormir com a sensação de que existe Justiça no Rio. Briguei com muita gente poderosa para mostrar que minha filha estava sendo machucada e, agora, vem a prova de que eu não sou uma louca. Espero que ele (André) seja julgado e que tenha bastante tempo para pensar na cadeia - disse Cristiane.
A promotora Ana Lúcia justificou o pedido de prisão do casal citando o temperamento agressivo de ambos. Segundo ela, André tem 26 registros de ocorrência, três deles pela lei Maria da Penha. Cristiane e Vanessa disseram ter sido agredidas quando estavam grávidas. No pedido de prisão, a promotora cita ainda o cabeleireiro Gedirez, que teria mudado seu depoimento - que antes narrava a conduta agressiva de André - após sofrer ameaças por parte do acusado.
Segundo o MP, também há provas do temperamento explosivo de Vanessa. O próprio André já havia registrado queixa contra a mulher, por ela ter arremessado uma cadeira contra ele, irritada com uma festa de aniversário feita pelos avós paternos de Joanna.
Vanessa foi denunciada ainda por ser "tão responsável quanto o pai na morte da menina, uma vez que a madrasta também possuía a guarda de Joanna".
O pai e a mãe de Joanna travavam uma batalha judicial pela guarda da criança desde 2004. Quando morreu, a menina estava sob os cuidados do pai havia um mês e vinte dias.No último dia 15, o titular da Dcavindiciou o pai da menina pelo crime de tortura. Ele explicou que durante as investigações ficou comprovado que a criança sofria maus tratos constantes.
O laudo feito pelos peritos do Instituto Médico-Legal (IML) confirmou as suspeitas de que a menina sofreu maus-tratos. O documento a que O GLOBO teve acesso conclui que as lesões nas nádegas da criança, semelhantes a queimaduras, foram causadas por substância química ou ação física, e que as cicatrizes e feridas no corpo de Joanna foram provocadas por traumas.
A menina morreu no dia 13 de agosto, segundo os peritos, em consequência de uma meningite viral desenvolvida a partir de herpes. O laudo descreve que a doença pode ser consequência de baixa imunidade.
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