domingo, 5 de abril de 2009

O condenado de Augusto dos Anjos.

O CONDENAD Folga a Justiça e geme a natureza Bocage

Alma feita somente de granito, Condenada a sofrer cruel tortura Pela rua sombria d'amargura - Ei-lo que passa - réprobo maldito. Olhar ao chão cravado e sempre fito, Parece contemplar a sepultura Das suas ilusões que a desventura Desfez em pó no hórrido delito. E, à cruz da expiação subindo mudo, A vida a lhe fugir já sente prestes Quando ao golpe do algoz, calou-se tudo. O mundo é um sepulcro de tristeza. Ali, por entre matas de ciprestes, Folga a justiça e geme a natureza.

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