quarta-feira, 16 de outubro de 2024

Discípulo de Amma, a 'Santa dos Abraços', participa de evento gratuito no Rio

Swami Ramakrishnananda Puri

Monge Swami Ramakrishnananda Puri vem a encontro no Instituto dos Arquitetos do Brasil

Você já ouviu falar da 'Santa dos Abraços'? Pois o Instituto dos Arquitetos do Brasil vai receber na próxima sexta-feira, dia 18, um dos discípulos da líder espiritual hindu Sri Mata Amritanandamayi Devi, conhecida por milhões de pessoas como Amma ou ‘Santa dos Abraços’.

Estará por aqui o monge indiano Swami Ramakrishnananda Puri, que irá participar de uma cerimônia, com início às 18h. Ela faz parte do "Programa Abraçando o Mundo", que prevê ainda meditação conduzida e ritual milenar védico Puja/Homa para Paz Mundial, prosperidade espiritual e material. O encontro é gratuito.

Coordenado pela Organização Amma Brasil, que atua por aqui como responsável pelos projetos sociais da líder espiritual indiana, o evento tem como propósito não só divulgar a mensagem de Amma, que prega o amor como religião, como também seus projetos e ações humanitárias desenvolvidos pela Instituição Abraçando o Mundo.

Fonte. Jornal o Globo



Paraguai. Retirada do projeto anti sociedade civil

 No Paraguai, deputados vão discutir um projeto de lei que põe em risco o trabalho de organizações de direitos humanos. A proposta inclui termos excessivamente abertos e ambíguos que podem aumentar o controle sobre a atuação da sociedade civil organizada e resultar em restrições arbitrárias, incluindo a dissolução de ONGs. O presidente da Câmara e presidentes de comissões relevantes devem, imediatamente, interromper e retirar este projeto para assegurar e proteger os direitos à liberdade de associação e à atuação em defesa direitos humanos no país.

TOME UMA ATITUDE: ESCREVA UM APELO EM SUAS PALAVRAS PARA PRESSIONAR CONTRA O RETROCESSO OU USE O MODELO DE CARTA A SEGUIR

Mr Raúl Latorre,

Presidente da Câmara dos Deputados

Email: raul_latorre@diputados.gov.py

Mr Roberto González Segovia,

Presidente da Comissão de Matérias Constitucionais

Emails: cconstitucionales@diputados.gov.py

Mr Jorge Ramón Ávalos Mariño,

Presidente da Comissão de Legislação e Codificação

Emails: legislacion_codificacion@diputados.gov.py

 

Prezados Deputados,

Tem me preocupado profundamente o projeto de lei “que estabelece controle, transparência e responsabilidade das organizações sem fins lucrativos”, em análise na Câmara dos Deputados. Após todo o progresso social alcançado pelos defensores dos direitos humanos e pelos movimentos sociais, é alarmante que a sua legislatura esteja dando um passo tão grave para trás.

De acordo com os tratados internacionais de direitos humanos dos quais o Paraguai é signatário, todas as autoridades estatais têm a obrigação legal de assegurar e garantir o respeito à liberdade de associação, o que também se expressa na Constituição Paraguaia. Tal direito inclui a possibilidade de constituir associações, de realizar as atividades estatutárias de uma organização, com recursos humanos, materiais e financeiros, entre outros pontos.

O projeto de lei em questão contém disposições ambíguas que podem levar a restrições arbitrárias contra o trabalho de organizações da sociedade civil, além do aumento injustificado do controle sobre seu funcionamento, com risco de imposição de sanções, incluindo a cassação permanente de suas atividades, sem o devido processo legal. Qualquer uma dessas hipóteses contraria a obrigação de respeitar o direito de defender direitos.

Faço uma chamada para que retire imediatamente este projeto de lei e promova um ambiente que permita que todos os paraguaios possam ter seus direitos humanos livremente defendidos.

Atenciosamente,

 

INFORMAÇÕES ADICIONAIS

Sem convocar quaisquer audiências ou consultas públicas, o Senado Paraguaio aprovou em 8 de julho de 2024 o projeto de lei “que estabelece o controle, a transparência e a responsabilidade das organizações sem fins lucrativos”. O texto agora está sob análise da Câmara dos Deputados e será, em seguida, enviado ao Presidente da República, que pode sancionar ou vetar a lei. Caso a nova legislação seja aprovada, o Paraguai sinalizará apoio a condições altamente restritivas para as organizações da sociedade civil no país.

A proposta é, em muitos aspectos, contrária aos tratados internacionais de direitos humanos dos quais o Paraguai é signatário, incluindo o Pacto Internacional sobre Direitos Civis e Políticos e a Convenção Americana de Direitos Humanos, que garantem direitos à liberdade de associação, expressão, privacidade e participação nos assuntos públicos.

Um dos principais pontos de preocupação com o texto atual é a falta de precisão e clareza sobre seu alcance e implementação. Ele trata as organizações que recebem fundos públicos ou privados sem distinção, sujeitando-as aos mesmos requisitos de registro e controle estatal. Além disso, sem justificativa a respeito da necessidade de introduzir essas novas restrições, o projeto de lei ignora o amplo arcabouço regulatório nacional existente, que já permite que o Estado paraguaio garanta transparência e para o funcionamento das organizações sem fins lucrativos.



O projeto de lei estabelece ainda sanções para pessoas jurídicas e pessoas físicas responsáveis pela gestão e administração das organizações, indo desde multas exorbitantes até a ‘cessação definitiva de suas atividades’, sem especificação dos casos em que cada sanção seria aplicada.

Em resumo, a proposta representa uma ameaça grave ao espaço cívico no Paraguai. Tal marco regulatório, se aplicado na prática, teria um efeito inibidor, impedindo as pessoas de exercerem livremente seus direitos humanos, incluindo os direitos à associação e à livre expressão.

POR FAVOR, TOME UMA ATITUDE ASSIM QUE POSSÍVEL!

Fonte.PARAGUAI: RETIRADA DE PROJETO ANTI SOCIEDADE CIVIL - Anistia Internacional

Zelensky apresenta "plano de vitória" contra a Rússia

 

Volodymyr Zelensky
Volodymyr Zelensky (Foto: Reuters)

Ucrânia quer armas não nucleares de aliados ocidentais em seu território

247 - O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, apresentou nesta quarta-feira (16) seu "plano de vitória" ao parlamento ucraniano. A proposta sugere que os aliados ocidentais implantem seu "pacote abrangente de dissuasão estratégica não nuclear" no petróleo da Ucrânia para deter a Rússia, informou a Sputnik

"A Ucrânia propõe que seus parceiros implantem um pacote abrangente de dissuasão estratégica não nuclear em seu território, que será suficiente para proteger a Ucrânia de qualquer ameaça militar vinda da Rússia", disse Zelensky no parlamento.

A nova proposta de Zelensky se assemelha ao "plano dos americanos de lutar contra a Rússia até o último ucraniano", disse o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov. Kiev deve "acordar" e perceber as razões que a levaram ao conflito, acrescentou Peskov.

Os Estados Unidos continuam cooperando com a Ucrânia no "plano de vitória" de Volodymyr Zelensky, disse o porta-voz do Departamento de Estado, Matthew Miller, nesta quarta-feira

Continuamos a dialogar com o governo da Ucrânia sobre esse plano", afirmou Miller a repórteres.

Fonte.Brasil247.com

Dom Rodnei ordenação o Diácono Eugênio ibiapino

Flash da ordenação diaconal de Eugênio Ibiapino.

Muitos são parentes, um saiu da Igreja do outro e abriu a sua.


 

El Padre Rogelio Cruz habla claro preciso con este abuso de Obras Públic...

IMUNIZAÇÃO Apenas 76% dos adolescentes no Rio de Janeiro receberam a segunda dose da vacina

 IMUNIZAÇÃO



Apenas 76% dos adolescentes no Rio de Janeiro receberam a segunda dose da vacina

Ministério da Saúde distribuiu 4,7 milhões de doses para todo o país. Pasta orienta que o público-alvo complete o esquema vacinal

OBrasil registra 2,2 milhões de primeiras doses de vacinas aplicadas contra a dengue. No entanto, há 636 mil registros de segundas doses. Isso significa que menos da metade das pessoas que tomaram a dose inicial buscaram a dose adicional. Os dados preliminares são do Departamento do Programa Nacional de Imunizações (DPNI). No Rio de Janeiro, a situação é semelhante: das 598,8 mil doses recebidas, apenas 192,2 mil primeiras doses foram aplicadas, e pouco mais de 117 mil pessoas retornaram para a segunda dose, o que corresponde a 76% do público elegível para completar o esquema vacinal, que exige um intervalo de três meses entre as duas doses. A população deve ficar atenta à caderneta de vacinação para garantir a imunização completa.

vacinação é uma das inovações para enfrentar a dengue, que em 2024 aumentou em todo o mundo, sobretudo devido às mudanças climáticas. Para ter proteção contra casos graves e hospitalizações por dengue, o público-alvo precisa tomar duas doses do imunizante incorporado de forma inédita no Sistema Único de Saúde (SUS).

O público, em 2024, é composto por crianças e adolescentes de 10 a 14 anos, faixa etária que concentra o maior número de hospitalização por dengue, depois de pessoas idosas, grupo para o qual a vacina não foi liberada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). 

A secretária de Vigilância em Saúde e Ambiente, Ethel Maciel, alerta para a necessidade de se vacinar. “Dentro da faixa etária indicada pelo laboratório para receber a vacina, selecionamos o intervalo com maior número de hospitalizações por dengue no Brasil. Contudo, esse público tem uma adesão menor, justamente por não ser uma idade que frequenta os serviços de saúde rotineiramente. Por isso, os pais e responsáveis precisam levar as crianças e adolescentes para se vacinar. É um ato de amor e de responsabilidade”, destaca. 

Os critérios para a definição dos municípios escolhidos para receber as doses da vacina foram definidos seguindo as recomendações da Câmara Técnica de Assessoramento em Imunização (CTAI) e da OMS. As vacinas serão destinadas a regiões de saúde com municípios de grande porte com alta transmissão nos últimos dez anos e população residente igual ou maior a 100 mil habitantes, levando também em conta altas taxas nos últimos meses. 

Combate ao mosquito

O Ministério da Saúde reforça que, embora o imunizante contribua para frear o avanço da doença, ainda não é a ferramenta mais eficaz no seu enfrentamento, dada a capacidade de produção do laboratório fornecedor que não é suficiente para atender à demanda do Brasil. 

Por isso, além das ações realizada pelos agentes de saúde, a população deve fazer a sua parte: 

  • Use de telas nas janelas e repelentes em áreas de reconhecida transmissão;
  • Remova recipientes nos domicílios que possam se transformar em criadouros de mosquitos;
  • Vede reservatórios e caixas de água;
  • Desobstrua calhas, lajes e ralos;
  • Participe da fiscalização das ações de prevenção e controle da dengue executadas pelo SUS. 
  • Fonte.https://www.gov.br/saude

Outubro Rosa: Diagnóstico precoce e cirurgia ajudam enfermeira a superar o câncer de mama


Em abril deste ano, a enfermeira Valéria da Rosa, de 60 anos, viu sua vida tomar um rumo inesperado ao ser diagnosticada com câncer de mama. Com um histórico familiar que incluía a luta de sua mãe contra a mesma doença, a profissional da saúde enfrentou essa fase difícil com coragem e esperança. Em cerca de quatro meses, entre a descoberta do problema e a cura, Valéria fez todo seu tratamento pelo Sistema Único de Saúde (SUS).

Sob os cuidados da equipe do Hospital Geral de Nova Iguaçu (HGNI) e acesso aos exames pelo município de Nova Iguaçu, ela passou por mamografias e biópsia, que resultaram no tratamento de retirada total da mama esquerda, acometida pelo tumor.

“Quando recebi o resultado positivo para o câncer, eu chorei, gritei, mas não reclamei. Pelo contrário, agradeci por ter descoberto precocemente e poder ser tratada”, conta ela. “Eu sei que é dolorido, mas me inspirei muito na minha mãe, uma mulher guerreira, que soube lutar contra essa doença. A prevenção é o melhor caminho”.

E o alerta sobre a prevenção do câncer de mama é o objetivo da campanha Outubro Rosa. Especialistas recomendam que mulheres a partir dos 40 anos façam a mamografia anualmente como forma de rastreamento do câncer. Aquelas com casos da doença na família devem iniciar essa investigação aos 35. Em Nova Iguaçu, não há fila de espera para a realização do exame. O município conta com oncologistas para orientar cada paciente. O objetivo é que histórias de superação, como a de Valéria, se tornem cada vez mais comuns.

O ambulatório de mastologia do HGNI atendeu 891 pacientes entre janeiro e agosto de 2024, realizando de duas a três cirurgias semanais para remoção de tumores mamários. O tratamento pode incluir também quimioterapia e radioterapia, conforme orientação médica. O mastologista Wandir Ramos, de 71 anos, destaca a importância do diagnóstico precoce e do autoexame mensal, que deve ser realizado fora do período menstrual, para que qualquer alteração seja investigada rapidamente.

“É fundamental que todas as mulheres se conscientizem de que a mamografia pode salvar vidas. Com a detecção precoce, a taxa de cura pode chegar a 95%. Isso é essencial para o tratamento do câncer de mama”, afirma o médico.

Atualmente, Valéria continua a exercer sua profissão, cuidando da saúde dos pacientes e da sua própria. Ela faz consultas médicas de rotina e garante que está bem de saúde. Como parte da equipe do Programa Melhor em Casa, da Secretaria Municipal de Saúde (SEMUS) de Nova Iguaçu, ela se sente realizada.

“Olha eu aqui, firme e forte! Se a gente descobre o câncer e para, deixa ele nos vencer. Hoje, sou uma vencedora, graças a Deus, a essa equipe maravilhosa e ao doutor Wandir. Então, eu digo a você, mulher: se você descobrir, não desista! Continue a lutar, porque lá no fundo tem uma vida esperando por você”, afirma ela, com entusiasmo.

 
Fonte.https://www.novaiguacu.rj.gov.br/

terça-feira, 15 de outubro de 2024

URGENTE! POLÍCIA PRENDE ALIADOS DE ARTHUR LIRA E CLÁUDIO CASTRO!! B0LSON...

Festa do Dia das Crianças leva alegria à pediatria do Hospital Geral de Nova Iguaçu


A pediatria do Hospital Geral de Nova Iguaçu (HGNI) foi tomada pela alegria nesta sexta-feira (11), em uma comemoração especial pelo Dia das Crianças. Os pacientes internados foram surpreendidos pela visita dos personagens Bob Esponja e Patrick Estrela, da animação “Bob Esponja Calça Quadrada”, que transformaram o ambiente hospitalar, normalmente marcado por exames e tratamentos, em um cenário de diversão e descontração.

As crianças deixaram temporariamente as enfermarias, acompanhadas de seus pais e monitoradas pela equipe de saúde, e se dirigiram à Classe Hospitalar – espaço onde os pacientes seguem seus estudos durante a internação. Foi lá que a festa aconteceu, com a distribuição de presentes, interações com os personagens, ornamentação temática e muitos sorrisos. Os familiares também aproveitaram a oportunidade para registrar este momento especial, que trouxe alívio à rotina de tratamento.

Entre os encantados com a atividade estava o pequeno Natan, de 4 anos, que se recupera de uma cirurgia. Ele contou que Bob Esponja é um de seus desenhos favoritos e recebeu das mãos dos personagens um brinquedo. Sua mãe, Verônica Sabrina, de 39, aprovou a ação realizada pelo HGNI. “Quando ele viu o Bob Esponja e o Patrick, ficou muito feliz. Talvez ele não possa participar da tradicional festa dia das crianças no dia 12, mas aproveitou essa de hoje e isso me alegrou demais”, disse ela. Natan, ao ser perguntado se gostou da festa, respondeu com firmeza e entusiasmo: “Sim!

O diretor-geral, Ulisses Melo, ressaltou que as atividades de humanização e acolhimento propostas pelo HGNI são fundamentais no processo de recuperação das crianças. “Sabemos que a internação não é agradável, mas é necessária. Por isso, fazemos tudo o que podemos, por meio de projetos, para aliviar o sofrimento e promover um ambiente acolhedor. A festa de Dia das Crianças é uma dessas ações”, afirmou.

Naiane de Oliveira dos Santos, de 31 anos, que acompanha seu filho Kaíque, de 10, também elogiou a iniciativa, destacando a importância da humanização em hospitais, especialmente para as crianças. “Essa ação é muito válida, pois as crianças muitas vezes não têm noção do que está acontecendo com elas. Trazer e transmitir essa alegria é fundamental”, concluiu.

 

Execuções, desaparecimentos, terreiros de Umbanda proibidos: Complexo de Israel vive sob ditadura do traficante Peixão, que diz ser evangélico

Complexo de Israel: moradores de cinco favelas do Rio vivem a ditadura do traficante Peixão, que diz ser evangélico

Álvaro Malaquias Santa Rosa fundou uma espécie de sub facção inserida no Terceiro Comando Puro. Nunca esteve na cadeia, mas tem 79 anotações criminais. Há seis mandados de prisão contra ele

Álvaro Malaquias Santa Rosa fundou uma espécie de sub facção inserida no Terceiro Comando Puro. Nunca esteve na cadeia, mas tem 79 anotações criminais. Há seis mandados de prisão contra ele.

O dono de um negócio promissor despontava como um empreendedor de sucesso quando o integrante de uma facção criminosa quis furar a fila em sua loja. Simples assim. Organizado, o jovem pediu a ele que respeitasse a ordem de chegada. Naquele momento, assinou sua sentença de morte. Dias depois, não foi mais visto na comunidade da Zona Norte onde nasceu e cresceu. A família, em desespero, descobriu que o rapaz tinha sido sequestrado e submetido ao tribunal do tráfico, que o condenou. O corpo foi jogado num valão e nunca mais encontrado.

Não muito longe dali, em outra comunidade, também foi um “não” que resultou no assassinato de um homem, na frente do filho. O morador apenas pediu ao chefe do tráfico que não fizessem a laje de sua casa de banheiro, o que o obrigava a limpar dejetos dos bandidos. Os dois casos ocorreram nos últimos quatro anos. As duas favelas pertencem ao mesmo dono: Álvaro Malaquias Santa Rosa, o Peixão, de 37 anos, fundador do Complexo de Israel, uma espécie de sub facção inserida no Terceiro Comando Puro (TCP). Ele impõe suas regras como um ditador. Nunca foi preso. Há seis mandados de prisão contra o traficante, segundo o Banco Nacional de Mandados de Prisão do Conselho Nacional de Justiça.

Os desaparecimentos e as execuções sumárias são prática comum nas dez favelas sob domínio de Peixão, que espalha pelos muros das comunidades que invade símbolos bíblicos e frases como “Jesus é o dono desse lugar”. Apesar de fazer parte da facção Terceiro Comando Puro (TCP), ele batizou seu território de Complexo de Israel. Com 79 anotações em sua Ficha de Antecedentes Criminais, mas sem nunca ter pisado numa prisão, o bandido ostenta seu poder no alto de uma caixa d’água, onde instalou uma grande Estrela de Davi — símbolo de proteção para os israelenses — iluminada. A estrutura em néon pode ser vista até da Linha Vermelha.

Policiais em operação na casa do traficante Peixão. O local tem um painel que reproduz a cidade de Jerusalém — Foto: Editoria de Arte
Policiais em operação na casa do traficante Peixão. O local tem um painel que reproduz a cidade de Jerusalém — Foto: Editoria de Arte

A cruzada da quadrilha de Peixão, que diz ser evangélico, agora é para anexar mais favelas ao seu complexo. As principais são: Vigário Geral, Parada de Lucas, Cidade Alta, Cinco Bocas e Pica-Pau, onde vivem 134 mil pessoas. Os soldados do tráfico já adotaram até um uniforme, idêntico ao fardamento do Exército de Israel, na cor verde-oliva. Recentemente, foram conquistadas as comunidades da Tinta e Dourados, em Cordovil. Fora da capital, ele dá as ordens em pelo menos três outras localidades da Baixada Fluminense: Parque Paulista e Massapê, em Duque de Caxias, e Buraco do Boi, em Nova Iguaçu.

Traficantes do Terceiro Comando Puro — Foto: Editoria de Arte
Traficantes do Terceiro Comando Puro — Foto: Editoria de Arte

Os mais recentes alvos do bando são Morro do Quitungo e Guaporé, em Brás de Pina, controlados pelo Comando Vermelho. As investidas têm deixado moradores acuados e refletido até na Avenida Brasil, que corta a região e vem sofrendo interdições por causa de balas perdidas. De acordo com o Instituto Fogo Cruzado, plataforma que faz uma contagem do tiroteio nosso de cada dia, houve 29 registros de confrontos nas favelas da região este ano, até agora, contra 25 em 2023 inteiro.

Muro com o desenho da Cruz de Davi, em Parada de Lucas — Foto: Christina Vital,
Muro com o desenho da Cruz de Davi, em Parada de Lucas — Foto: Christina Vital,

As favelas do Complexo de Israel — Foto: Editoria de Arte

Um traficante evangélico'

Peixão se autodeclara “traficante evangélico”. O criminoso usa a religião para justificar ações como seu ímpeto de ampliar territórios. Ele conta que, em 2016, teve uma visão, na qual precisava “libertar o povo da Alta”, referência ao conjunto habitacional da Cidade Alta, em Cordovil. O local é formado por 64 prédios de cinco andares, entregues em 1969 a moradores da Praia do Pinto, no Leblon, na Zona Sul, favela destruída por um incêndio. A suposta visão foi a senha para a quadrilha de Peixão invadir a área.

Estrela de Davi sobre caixa d'água no Complexo de Israel — Foto: Editoria de Arte
Estrela de Davi sobre caixa d'água no Complexo de Israel — Foto: Editoria de Arte

Pesquisadores ouvidos pelo blog Segredo do Crime explicam que algumas igrejas evangélicas acreditam que sonhos e visões são formas de Deus enviar suas mensagens. Peixão estaria apregoando, portanto, que o domínio daquela região da Zona Norte é um projeto dele, sob as bênçãos do divino.

Por estratégia ou não, o fato de haver uma maioria evangélica nas favelas — um número que o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) pretende divulgar em detalhes até o fim do ano — faz com que o chefe do tráfico do Complexo de Israel consiga convencer alguns moradores de que, apesar de suas atividades criminosas, compartilha a mesma fé cristã. A exceção são aqueles que cruzaram seu caminho, afirmam os pesquisadores ouvidos pelo GLOBO.

O traficante Álvaro Malaquias Santa Rosa, o Peixão — Foto: Editoria de Arte
O traficante Álvaro Malaquias Santa Rosa, o Peixão — Foto: Editoria de Arte

— Não tem como fazer justiça. Quem mora em favelas dominadas por ele (Peixão) não tem direito de ir e vir, nem direito de enterrar quem se ama — lamentou o parente de um desaparecido numa das favelas do Complexo de Israel.

Fossos como na Idade Média

Por conta das guerras com rivais e as trocas de tiros com a polícia, entrar no Complexo de Israel é outro problema para quem vive nas favelas locais. Além do risco de serem atingidos por balas perdidas, os moradores têm dificuldade de chegar com seus carros e estacionar perto de casa. Embora ainda haja barricadas de concreto, o chefe do tráfico tem construído fossos, à moda medieval, para impedir o acesso dos blindados da polícia. Quando alguém da comunidade precisa passar, os criminosos colocam placas de madeira sobre as crateras. Mas isso,claro, só em momentos de trégua.

As táticas de guerrilha urbana não param por aí. O bando também tem como estratégia construir casamatas (fortificações com a abertura de pequenos espaços em muros de concreto, conhecidos como seteiras, para apoiar canos de fuzil). Em maio do ano passado, em Parada de Lucas, berço do Complexo de Israel, a Polícia Civil deparou com um abrigo deste tipo instalado numa igreja inacabada. De lá era possível vigiar os principais acessos à favela na Avenida Brasil e na Avenida Bulhões de Marcial, que margeia a linha férrea, de Parada de Lucas a Vigário Geral. Na operação, os agentes apreenderam 15 fuzis, duas metralhadoras, milhares de balas e 21 granadas, o que comprova o poderio bélico de Peixão. Segundo moradores, o bandido é acompanhado sempre por vários seguranças e um carro com uma metralhadora .50, cujo tiro é capaz de perfurar a blindagem de um caveirão da polícia.

Bando usava igreja inacabada como casamata para fazer disparos contra policiais
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Bando usava igreja inacabada como casamata para fazer disparos contra policiais

O pavor das famílias da região inibe denúncias e faz com que vigore a lei do silêncio. Na folha corrida do bandido, há 21 homicídios e nove anotações por ocultação de cadáver. Há ainda dez registros de intolerância religiosa, além de violação de domicílio e ameaça. Na era Peixão, em meados de 2010, se iniciou uma perseguição às religiões de matriz africana. Há ocorrências de terreiros invadidos e destruídos. Integrantes do bando dão o recado para líderes religiosos desses espaços saírem de imediato: muitos vão embora apenas com a roupa do corpo.

Barricada é retirada pela PM de favela do Complexo de Israel — Foto: Editoria de Arte
Barricada é retirada pela PM de favela do Complexo de Israel — Foto: Editoria de Arte

Moradores e pesquisadores contam que o ódio do traficante pelas religiões de matriz africana tem um motivo familiar. A mãe dele, Ana Lúcia Santa Rosa, foi mãe de santo e, por razões desconhecidas, teria deixado a crença e se tornado evangélica. Ela passou a frequentar uma igreja com os filhos, e Peixão chegou à posição de obreiro — auxiliar de pastores nos cultos. Apontado pela Polícia Civil como traficante, matador e mandante de execuções, ele é visto frequentemente com a mulher e dois filhos num templo em Parada de Lucas, favela onde foi criado, apesar de ter nascido em Duque de Caxias, na Baixada.

O mal pela raiz

O radicalismo de Peixão chegou a tal ponto que uma das versões para um desmatamento ocorrido em Vigário Geral dá conta de que ele, ao saber do suposto trabalho de macumba feito por um inimigo na raiz de uma árvore, para matá-lo, ordenou a derrubada de todas as árvores da área. Outra explicação, mais prosaica, seria a necessidade da retirada da vegetação local para a liberação de calçadas.

Em tempos de redes sociais, nem tudo que é atribuído a Peixão é verdade ou pode ser comprovado. No mês passado, circulou pela internet a informação de que os padres das igrejas de Santa Edwiges e de Santa Cecília, em Brás de Pina, tinham sido proibidos de celebrar missas e fazer quermesses. A Arquidiocese negou. Segundo moradores, no entanto, por precaução, algumas atividades foram adiadas ou mudaram de horário.

Despojos humanos em sacos no valão

Apesar das muitas acusações contra Peixão, os crimes têm ficado sem castigo. A Polícia Civil enfrenta dificuldades para investigar e obter provas, porque ninguém na favela quer testemunhar. O Ministério Público, muitas vezes, faz a denúncia, mas o réu não é pronunciado, ou seja, não chega a ser julgado pelo júri por falta de provas. O resultado é o arquivamento das ações.

Nos processos por homicídio, analisados pelo blog Segredos do Crime, há poucos depoimentos, todos na fase de inquérito, geralmente de algum parente da vítima. Nesses casos, sequer há corpos. A Promotoria já recebeu denúncias de que todos vão parar num valão dos fundos de Vigário Geral, favela conquistada pelo TCP no fim de 2007.

Um trecho de uma das denúncias contra Peixão, extraído de um processo que tramita no Tribunal de Justiça do Rio, cita o drama de uma família em busca de um corpo em Vigário Geral:

"O comunicante iniciou suas buscas por entre diversos sacos de lixo pretos, que podiam ser encontrados na água, mas quase amontoados próximo de uma barreira que acaba contendo todo o lixo que ali é despejado. O barqueiro chegou a puxar alguns desses sacos que estavam rasgados em razão de ataques de urubus e pode ver que muitos dos sacos traziam em seu interior despojos humanos. O comunicante não conseguiu reconhecer nenhum dos corpos".

Drones, hacker e veto a celulares nas ruas

Este ano, pelo menos sete pessoas constam oficialmente como desaparecidas na região do Complexo de Israel. Um ofício enviado à Polícia Militar pelo presidente da Comissão de Segurança Pública e Assuntos de Polícia da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj), o deputado Márcio Gualberto, pede informações e providências sobre o sumiço, no dia 17 de junho de 2023, de nove pessoas em Parada de Lucas. De acordo com o documento, elas desapareceram por serem consideradas por Peixão informantes do grupo rival.

O chefão criminoso é um obstinado quando se trata de infiltrados. Até porque ele próprio costuma cooptar traficantes entre os inimigos para obter informações. Não à toa, foi o primeiro a introduzir o uso de drones para vigilância em suas áreas, a fim de acompanhar a movimentação da polícia e dos concorrentes. Os moradores acreditam que Peixão conta com o serviço de um hacker, que o ajuda a monitorar ligações telefônicas.

Quem mora nas comunidades do Complexo de Israel é proibido de usar telefones na rua, principalmente quando Peixão está na área. Mesmo quem tenta infringir a regra ainda tem dificuldades porque o tráfico comprou aparelhos bloqueadores de celulares, que foram instalados em alguns pontos para atrapalhar a comunicação da polícia. As famílias também não podem ter em casa telefone fixo, porque não seria possível monitorar essas ligações.

O uso da tecnologia se estende para situações corriqueiras nos negócios do chefe do Complexo de Israel. Máquinas de cartões, por exemplo, já foram apreendidas em ações da polícia para o pagamento de drogas. A Polícia Civil acredita que há uso de "laranjas", pessoas que emprestam seus dados pessoais ao tráfico). Outra novidade que mostra tal modernidade foi a utilização de uma máquina para pôr a drogas em envelopes. Antigamente, eram os próprios traficantes que faziam isso manualmente.

Expansão das cercanias

Em sua guerra expansionista, Peixão anexou mês passado dois territórios do inimigo Comando Vermelho: Tinta e Dourados, em Cordovil. As duas são estratégicas para evitar que o “Exército do Deus Vivo”, A “Tropa do Peixão” ou o “Bonde dos Taca Bala” — nomes pelos quais a quadrilha é conhecida — fique vulnerável, uma vez que são próximas da Cinco Bocas e da Pica-Pau. Poderiam servir de esconderijos para uma ação de invasão, por exemplo.

— Eu e alguns donos de terreiros estamos saindo, porque já recebemos o recado na semana passada. Estamos sem sossego. Semana passada, meu vizinho levou tudo de seu centro em duas kombis. Eu saí com a roupa do corpo. E olha que meu terreiro nem está em área de favela. Estava lá há 20 anos. O cara de Israel (Peixão) disse que não gosta de umbanda — revelou uma mãe de santo de Cordovil, bairro recém-anexado pelo TCP.

Na disputa do TCP com o Comando Vermelho pelas duas localidades, o morador sempre perde. No dia 25 de julho, equipes de emergência da Light tiveram que fazer um reparo emergencial na Favela do Quintungo. Bandidos atiraram contra o transformador, deixando o local sem luz por uma semana. Os técnicos só conseguiram ir ao local escoltados pela Polícia Militar.

Obsessão por limpeza

Apesar da opressão e do risco constante de invasão, há moradores que apreciam algumas características de Peixão, como sua mania de limpeza. Uma das ordens que devem ser cumpridas à risca no complexo é a de não jogar lixo nas ruas, pois há dia certo para a coleta. Entulhos devem ser devidamente embalados para que sejam recolhidos pela Comlurb.

Um traficante evangélico'

Peixão se autodeclara “traficante evangélico”. O criminoso usa a religião para justificar ações como seu ímpeto de ampliar territórios. Ele conta que, em 2016, teve uma visão, na qual precisava “libertar o povo da Alta”, referência ao conjunto habitacional da Cidade Alta, em Cordovil. O local é formado por 64 prédios de cinco andares, entregues em 1969 a moradores da Praia do Pinto, no Leblon, na Zona Sul, favela destruída por um incêndio. A suposta visão foi a senha para a quadrilha de Peixão invadir a área.

Estrela de Davi sobre caixa d'água no Complexo de Israel — Foto: Editoria de Arte
Estrela de Davi sobre caixa d'água no Complexo de Israel — Foto: Editoria de Arte

Pesquisadores ouvidos pelo blog Segredo do Crime explicam que algumas igrejas evangélicas acreditam que sonhos e visões são formas de Deus enviar suas mensagens. Peixão estaria apregoando, portanto, que o domínio daquela região da Zona Norte é um projeto dele, sob as bênçãos do divino.

Por estratégia ou não, o fato de haver uma maioria evangélica nas favelas — um número que o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) pretende divulgar em detalhes até o fim do ano — faz com que o chefe do tráfico do Complexo de Israel consiga convencer alguns moradores de que, apesar de suas atividades criminosas, compartilha a mesma fé cristã. A exceção são aqueles que cruzaram seu caminho, afirmam os pesquisadores ouvidos pelo GLOBO.

O traficante Álvaro Malaquias Santa Rosa, o Peixão — Foto: Editoria de Arte
O traficante Álvaro Malaquias Santa Rosa, o Peixão — Foto: Editoria de Arte

— Não tem como fazer justiça. Quem mora em favelas dominadas por ele (Peixão) não tem direito de ir e vir, nem direito de enterrar quem se ama — lamentou o parente de um desaparecido numa das favelas do Complexo de Israel.

Fossos como na Idade Média

Por conta das guerras com rivais e as trocas de tiros com a polícia, entrar no Complexo de Israel é outro problema para quem vive nas favelas locais. Além do risco de serem atingidos por balas perdidas, os moradores têm dificuldade de chegar com seus carros e estacionar perto de casa. Embora ainda haja barricadas de concreto, o chefe do tráfico tem construído fossos, à moda medieval, para impedir o acesso dos blindados da polícia. Quando alguém da comunidade precisa passar, os criminosos colocam placas de madeira sobre as crateras. Mas isso,claro, só em momentos de trégua.

As táticas de guerrilha urbana não param por aí. O bando também tem como estratégia construir casamatas (fortificações com a abertura de pequenos espaços em muros de concreto, conhecidos como seteiras, para apoiar canos de fuzil). Em maio do ano passado, em Parada de Lucas, berço do Complexo de Israel, a Polícia Civil deparou com um abrigo deste tipo instalado numa igreja inacabada. De lá era possível vigiar os principais acessos à favela na Avenida Brasil e na Avenida Bulhões de Marcial, que margeia a linha férrea, de Parada de Lucas a Vigário Geral. Na operação, os agentes apreenderam 15 fuzis, duas metralhadoras, milhares de balas e 21 granadas, o que comprova o poderio bélico de Peixão. Segundo moradores, o bandido é acompanhado sempre por vários seguranças e um carro com uma metralhadora .50, cujo tiro é capaz de perfurar a blindagem de um caveirão da polícia.

Bando usava igreja inacabada como casamata para fazer disparos contra policiais
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Bando usava igreja inacabada como casamata para fazer disparos contra policiais

O pavor das famílias da região inibe denúncias e faz com que vigore a lei do silêncio. Na folha corrida do bandido, há 21 homicídios e nove anotações por ocultação de cadáver. Há ainda dez registros de intolerância religiosa, além de violação de domicílio e ameaça. Na era Peixão, em meados de 2010, se iniciou uma perseguição às religiões de matriz africana. Há ocorrências de terreiros invadidos e destruídos. Integrantes do bando dão o recado para líderes religiosos desses espaços saírem de imediato: muitos vão embora apenas com a roupa do corpo.

Barricada é retirada pela PM de favela do Complexo de Israel — Foto: Editoria de Arte
Barricada é retirada pela PM de favela do Complexo de Israel — Foto: Editoria de Arte

Moradores e pesquisadores contam que o ódio do traficante pelas religiões de matriz africana tem um motivo familiar. A mãe dele, Ana Lúcia Santa Rosa, foi mãe de santo e, por razões desconhecidas, teria deixado a crença e se tornado evangélica. Ela passou a frequentar uma igreja com os filhos, e Peixão chegou à posição de obreiro — auxiliar de pastores nos cultos. Apontado pela Polícia Civil como traficante, matador e mandante de execuções, ele é visto frequentemente com a mulher e dois filhos num templo em Parada de Lucas, favela onde foi criado, apesar de ter nascido em Duque de Caxias, na Baixada.

O mal pela raiz

O radicalismo de Peixão chegou a tal ponto que uma das versões para um desmatamento ocorrido em Vigário Geral dá conta de que ele, ao saber do suposto trabalho de macumba feito por um inimigo na raiz de uma árvore, para matá-lo, ordenou a derrubada de todas as árvores da área. Outra explicação, mais prosaica, seria a necessidade da retirada da vegetação local para a liberação de calçadas.

Em tempos de redes sociais, nem tudo que é atribuído a Peixão é verdade ou pode ser comprovado. No mês passado, circulou pela internet a informação de que os padres das igrejas de Santa Edwiges e de Santa Cecília, em Brás de Pina, tinham sido proibidos de celebrar missas e fazer quermesses. A Arquidiocese negou. Segundo moradores, no entanto, por precaução, algumas atividades foram adiadas ou mudaram de horário.

Despojos humanos em sacos no valão

Apesar das muitas acusações contra Peixão, os crimes têm ficado sem castigo. A Polícia Civil enfrenta dificuldades para investigar e obter provas, porque ninguém na favela quer testemunhar. O Ministério Público, muitas vezes, faz a denúncia, mas o réu não é pronunciado, ou seja, não chega a ser julgado pelo júri por falta de provas. O resultado é o arquivamento das ações.

Nos processos por homicídio, analisados pelo blog Segredos do Crime, há poucos depoimentos, todos na fase de inquérito, geralmente de algum parente da vítima. Nesses casos, sequer há corpos. A Promotoria já recebeu denúncias de que todos vão parar num valão dos fundos de Vigário Geral, favela conquistada pelo TCP no fim de 2007.

Um trecho de uma das denúncias contra Peixão, extraído de um processo que tramita no Tribunal de Justiça do Rio, cita o drama de uma família em busca de um corpo em Vigário Geral:

"O comunicante iniciou suas buscas por entre diversos sacos de lixo pretos, que podiam ser encontrados na água, mas quase amontoados próximo de uma barreira que acaba contendo todo o lixo que ali é despejado. O barqueiro chegou a puxar alguns desses sacos que estavam rasgados em razão de ataques de urubus e pode ver que muitos dos sacos traziam em seu interior despojos humanos. O comunicante não conseguiu reconhecer nenhum dos corpos".

Drones, hacker e veto a celulares nas ruas

Este ano, pelo menos sete pessoas constam oficialmente como desaparecidas na região do Complexo de Israel. Um ofício enviado à Polícia Militar pelo presidente da Comissão de Segurança Pública e Assuntos de Polícia da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj), o deputado Márcio Gualberto, pede informações e providências sobre o sumiço, no dia 17 de junho de 2023, de nove pessoas em Parada de Lucas. De acordo com o documento, elas desapareceram por serem consideradas por Peixão informantes do grupo rival.

O chefão criminoso é um obstinado quando se trata de infiltrados. Até porque ele próprio costuma cooptar traficantes entre os inimigos para obter informações. Não à toa, foi o primeiro a introduzir o uso de drones para vigilância em suas áreas, a fim de acompanhar a movimentação da polícia e dos concorrentes. Os moradores acreditam que Peixão conta com o serviço de um hacker, que o ajuda a monitorar ligações telefônicas.

Quem mora nas comunidades do Complexo de Israel é proibido de usar telefones na rua, principalmente quando Peixão está na área. Mesmo quem tenta infringir a regra ainda tem dificuldades porque o tráfico comprou aparelhos bloqueadores de celulares, que foram instalados em alguns pontos para atrapalhar a comunicação da polícia. As famílias também não podem ter em casa telefone fixo, porque não seria possível monitorar essas ligações.

O uso da tecnologia se estende para situações corriqueiras nos negócios do chefe do Complexo de Israel. Máquinas de cartões, por exemplo, já foram apreendidas em ações da polícia para o pagamento de drogas. A Polícia Civil acredita que há uso de "laranjas", pessoas que emprestam seus dados pessoais ao tráfico). Outra novidade que mostra tal modernidade foi a utilização de uma máquina para pôr a drogas em envelopes. Antigamente, eram os próprios traficantes que faziam isso manualmente.

Expansão das cercanias

Em sua guerra expansionista, Peixão anexou mês passado dois territórios do inimigo Comando Vermelho: Tinta e Dourados, em Cordovil. As duas são estratégicas para evitar que o “Exército do Deus Vivo”, A “Tropa do Peixão” ou o “Bonde dos Taca Bala” — nomes pelos quais a quadrilha é conhecida — fique vulnerável, uma vez que são próximas da Cinco Bocas e da Pica-Pau. Poderiam servir de esconderijos para uma ação de invasão, por exemplo.

— Eu e alguns donos de terreiros estamos saindo, porque já recebemos o recado na semana passada. Estamos sem sossego. Semana passada, meu vizinho levou tudo de seu centro em duas kombis. Eu saí com a roupa do corpo. E olha que meu terreiro nem está em área de favela. Estava lá há 20 anos. O cara de Israel (Peixão) disse que não gosta de umbanda — revelou uma mãe de santo de Cordovil, bairro recém-anexado pelo TCP.

Na disputa do TCP com o Comando Vermelho pelas duas localidades, o morador sempre perde. No dia 25 de julho, equipes de emergência da Light tiveram que fazer um reparo emergencial na Favela do Quintungo. Bandidos atiraram contra o transformador, deixando o local sem luz por uma semana. Os técnicos só conseguiram ir ao local escoltados pela Polícia Militar.

Obsessão por limpeza

Apesar da opressão e do risco constante de invasão, há moradores que apreciam algumas características de Peixão, como sua mania de limpeza. Uma das ordens que devem ser cumpridas à risca no complexo é a de não jogar lixo nas ruas, pois há dia certo para a coleta. Entulhos devem ser devidamente embalados para que sejam recolhidos pela Comlurb.

O bandido criou um sistema de limpeza urbana com garis comunitários, pagos com o ágio cobrado sobre produtos que os moradores têm que adquirir com exclusividade em determinados estabelecimentos, a preços mais caros — prática comum da milícia. Gás de cozinha, garrafões de água, cigarros (de marcas famosas a paraguaios), carvão, material de limpeza (vassouras e desinfetante) e até ovos devem ser comprados nas mãos do pessoal do chefe do tráfico. Um botijão de gás sai por R$ 140, enquanto fora da favela o preço é R$ 85. O mesmo grupo explora internet e transporte alternativo como vans e carros de aplicativo. A linha de ônibus que circulava na Cidade Alta, por exemplo, foi proibida de passar pelo local.

Alianças com a milícia

O flerte de Peixão com milicianos, mais precisamente com seis policiais militares da ativa, vem sendo investigada pela Polícia Civil e pelo Ministério Público. Os PMs foram denunciados pelo promotor Alexandre Murilo Graça, em 2020, por se associarem ao chefe do tráfico para a execução de dois moradores de Brás de Pina. A motivação do crime, segundo a promotoria, ainda é nebulosa. As hipóteses são a falta de pagamento de serviços da milícia ou a ligação das vítimas com o grupo rival ao de Peixão.

A restrição de pessoas de fora nas comunidades do Complexo de Israel é clara. Mesmo assim, há raras exceções, quando o próprio Peixão promove seus shows com artistas famosos, além de festas comunitárias, como o dia das crianças e o Natal. Embora não exija dinheiro de comerciantes, ele “sugere” que eles contribuam com as comemorações.

O assistencialismo do tráfico do passado está presente em situações pontuais. Em 2021, o traficante construiu uma ponte sobre o Rio Irajá, unindo as favelas Pica-Pau e Cinco Bocas. Embora a obra facilitasse a vigilância de suas novas conquistas à época, a construção acabou sendo uma maneira de promoção de sua gestão. A ponte era uma promessa da prefeitura e, segundo redes sociais na época, o bandido teria prestado contas de que pagou R$ 300 mil pela obra.

Ponte sobre o rio Irajá, construída por ordem de Peixão, para facilitar a passagem de bandidos entre as favelas Cinco Bocas e Pica-Pau, sob seu domínio, em Cordovil — Foto: Reprodução da TV
Ponte sobre o rio Irajá, construída por ordem de Peixão, para facilitar a passagem de bandidos entre as favelas Cinco Bocas e Pica-Pau, sob seu domínio, em Cordovil — Foto: Reprodução da TV

A Secretaria estadual de Polícia Civil informou, por nota, que “as investigações seguem para identificar e responsabilizar criminalmente todos os envolvidos, bem como para capturar o líder da organização”. Também divulgou que 17 integrantes do bando de Peixão foram presos, além de ter apreendido “grande quantidade de armamento”, fato que ocorreu há um ano.

Procurados, os advogados de Peixão, Jorge e Thiago Santoro, não se pronunciaram sobre as denúncias contra o traficante.

Fonte. Jornal o Globo


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